Bárbara Bandeira é uma das novas vozes da música portuguesa e conta já com uma mão cheia de singles de sucesso. Depois de milhões de reproduções nos serviços de streaming, de centenas de concertos e da experiência com os Coldplay em Coimbra, a cantora editou o seu primeiro álbum, "Finda".
Mas porquê só agora?
"Sempre disse que só ia lançar um álbum quando fosse o álbum que eu queria. Eu tive dois álbuns antes deste, feitos e prontos para lançar. Mas cheguei sempre à conclusão de que aquilo não era representativo da artista que eu sou", conta em entrevista ao SAPO Mag a poucos dias de subir ao palco do Sagres Campo Pequeno, em Lisboa.
Com "Finda", a artista confessa que, pela primeira vez, sente que encontrou a sua "assinatura musical, o seu registo": "É um registo em que eu me sinto super bem, é um registro que eu gosto e, acima de tudo, acho que é um registo que as pessoas gostam de ouvir em português".
Mas trabalhar nos dois discos que não chegaram a ser editados, ajudaram Bárbara Bandeira a preparar "Finda". "Tem sido um processo de crescimento. Um crescimento pessoal, de crescimento de idade também, de amadurecimento. É óbvio que para este álbum com 12 faixas, eu tive de fazer umas 40 ou 50. Nos últimos anos, tenho aprendido bastante e aprendi muito com os álbuns [que fiz e não lancei]", revela.
"Sinto-me muito orgulhosa e feliz"
"Obviamente ainda tenho muito que evoluir e melhorar - e o meu próximo álbum ainda vai ser melhor -, mas neste momento sinto-me muito orgulhosa e feliz pelo trabalho que estou a apresentar, daquilo que entreguei às pessoas. Está a ser muito sentir que as pessoas reconhecem isso e que gostam do disco", acrescenta a artista.
Dos dois álbum que não saíram da gaveta, Bárbara Bandeira apenas recuperou uma canção para "Finda". "Por acaso, há uma música, a 'Ego', que já foi feita há muitos anos e, por acaso, foi cerca de duas semanas antes de entregar o álbum que eu enviei mensagem ao PJ Morton a perguntar se ele gostaria de entrar na canção", conta.
Para a artista, PJ Morton, membro dos Maroon 5, tem uma voz "inacreditável": "Adoro o trabalho dele. Foi naquela, vou mandar mensagem e se ele responder, respondeu; se não responder, não respondeu. Ele foi super querido, adorou a canção e estou muito ansiosa para estar com ele pessoalmente, para o conhecer melhor".
Para "Finda", Bárbara Bandeira colaborou ainda com Ivandro, em "Como Tu", MARO ("Tudo") e Dillaz ("Carro"). "Há vários artistas que eu admiro e com quem gostava de colaborar. Mas os artistas que eu tenho no meu álbum - e obviamente, a Carminho também - são mesmo aquelas que eu mais gostava de colaborar. Sinto que consegui reunir as vozes e os artistas que mais me fazem sentido", confessa.
"A MARO é um talento surreal. Não há ninguém que não reconheça o quão incrível é a MARO. Ela começa a cantar e toda a gente já sabe", elogia Bárbara Bandeira. "Já o Dillaz é um artista que ouço desde muito nova e não é muito fácil fazer feats com ele - ele não costuma fazer colaborações com ninguém e, para mim, foi incrível. E o Ivandro... é o que já se sabe", acrescenta, confessando que todos se tornaram amigos: "O mais incrível no meio disto tudo é que estas pessoas com quem colaborei, acabam por ficar no meu círculo de amigos. Não é o 'ai, entra aqui no meu álbum, vamos fazer uma música'. Não, cria-se uma amizade e é aquilo que tento sempre preservar quando colaboro com outros artistas. É incrível tê-los no meu álbum, mas também como amigos".
"Quem me conhece, sabe que tenho uma ligação muito forte com borboletas"
Para o novo álbum, Bárbara Bandeira criou dezenas de canções, mas apenas 12 foram escolhidas para o alinhamento final. "Quanto escolhi todas as canções, quando estavam terminadas, aquilo que tentei passar com o alinhamento foi: tudo começa de uma forma um pouco mais melancólica, tudo começa de uma perspectiva mais triste, mais derrotista até... e, à medida que vão ouvindo o álbum e até chegaram ao fim, com o 'Cristaliza', há uma sensação de superação, uma sensação de resolução dos problemas e de aprender a lidar com eles. Chegamos ao fim do álbum com uma sensação de esperança... a água sai do olho e 'cristaliza'", explica.
"Quem me conhece, sabe que tenho uma ligação muito forte com borboletas - a minha primeira tatuagem foi de borboletas, no pulso. Achei que a borboleta fazia todo o sentido para contar esta história, para dar um imagem a este processo. Sinto que a minha metamorfose e o meu processo são um bocadinho parecido ao de uma borboleta - ou seja, começámos muito indefesos e muito novos, neste caso a lagarta... depois precisa de estar no casulo durante algum tempo, precisa de se resguardar, precisa de trabalhar. No meu caso, precisei de parar um bocadinho para trabalhar e para construir este projeto com pés e cabeça. Para depois de mostrar ao mundo como aquilo em que sempre quis se transformar", conta Bárbara Bandeira.
"No fundo, é isto que eu sinto que acontece comigo. Sinto que todo este tempo, todos estes álbuns que eu tive que fazer até chegar aqui, foram um processo que me permite dizer-te a ti hoje que estou mesmo orgulhosa daquilo que estou a fazer e tenho a certeza que é isto que eu quero fazer", sublinha a cantora em entrevista ao SAPO Mag.
Lançado a 6 de outubro, "Finda" soma milhões de reproduções no Spotify e o feedback tem sido positivo, conta Bárbara Bandeira. "As reações têm sido incríveis. É sempre muito diferente quando estamos no estúdio, mesmo a acabar o processo do álbum. Pensámos: 'como é que as pessoas vão reagir?'... Versos, ter as pessoas, efectivamente, a reagir. Estou numa fase onde o meu trabalho está praticamente feito e agora é só receber as reações das pessoas que têm sido muito positivas e, portanto, estou numa fase muito feliz. Estou muito contente", confessa a artista em entrevista ao SAPO Mag.
"O início de uma nova fase"
Pouco mais de 20 dias depois do lançamento de "Finda", Bárbara Bandeira vai apresentar as novas canções pela primeira vez ao vivo. No próximo sábado, dia 28 de outubro, a cantora sobe ao palco do Sagre Campo Pequeno, em Lisboa, e promete muitas surpresas. "Este concerto é mesmo o início de uma nova fase em todos os aspectos. Este concerto conta com as canções novas no alinhamento e, inevitavelmente, saem outras. Há uma mudança: entra dez canções novas no alinhamento porque deixo de cantar aquelas canções que fiz quando era miúda e começo a cantar as músicas deste disco", adianta.
"É um concerto de apresentação desta nova fase, deste novo estilo, mais R&B, muito mais maduro. Já me perguntaram se estou ansiosa e digo que não estou ansiosa. Estou entusiasmada porque sinto que que consigo defender com todas as minhas forças aquilo que estou a apresentar", confessa a artista. "Pela primeira vez, não há tanto receito porque sei que aquilo que estou a cantar, que estou a entregar, foi muito bem pensado. É algo que eu gosto e de que orgulho", sublinha.
Para o concerto no Sagres Campo Pequeno, Bárbara Bandeira e a sua equipa também pensaram num novo cenário. "Vai ser incrível e estou muito ansiosa para chegar lá e ver como é que vai ficar à frente nos meus olhos, na vida real. Para já, ainda só vi numa maquete", conta a cantora.
"Este vai ser o maior concerto que vou fazer nos próximos tempos. É uma produção própria também, mas a minha ideia é tentar recriar este concerto ao máximo na digressão de verão. Mas vamos ver com muita calma", remata Bárbara Bandeira.
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