“Vai ser um concerto de culminar de um estágio que está a decorrer esta semana”, disse à Lusa a diretora do conservatório, Ana Paula Andrade, acrescentando que o evento vai reunir, além de convidados especiais, cerca de 150 alunos de várias idades, das classes de coro e sopro.

O conservatório, que resulta da extinta Academia Musical de Ponta Delgada, conta atualmente com 550 alunos e 45 professores, ministrando formação especializada de diferentes instrumentos musicais.

Ana Paula Andrade adiantou que a orientação do estágio em curso está a cargo dos maestros convidados Jorge Alves e Henrique Piloto, sendo que o primeiro está encarregue dos alunos do coro básico e secundário e o segundo dos alunos que compõem a orquestra de sopro.

No sábado, o concerto, que inicia a programação comemorativa do meio século de atividade do Conservatório Regional de Ponta Delgada, decorrerá no Teatro Micaelense, a partir das 21:30 (mais uma hora no continente), sendo que os bilhetes estão já à venda por dois euros. “Vamos ter uma primeira parte no Salão Nobre, onde vão acontecer os coros, que são cerca de 80 alunos, e depois no palco teremos a orquestra de sopro, cerca de 70 alunos, e outros elementos convidados, porque tanto no coro do secundário como na orquestra teremos antigos alunos que também se juntaram”, referiu Ana Paula Andrade.

A diretora da instituição, responsável pela formação musical de várias gerações, afirmou que a programação cultural para assinalar os 50 anos do conservatório “ainda está muito em aberto”, apesar de já estarem agendadas para os próximos meses diversas atividades, como concertos, recitais e exposições. “Estamos a pensar fazer em novembro o concerto de encerramento, no Teatro Micaelense”, revelou Ana Paula Andrade, destacando que a programação contempla a participação de vários antigos alunos, alguns dos quais se tornaram destacadas referências a nível nacional e internacional.

Nos Açores, existem, atualmente, em funcionamento três conservatórios regionais, distribuídos pelas ilhas de S. Miguel, Terceira e Faial, frequentados por centenas de alunos de várias idades.

Conservatório sem capacidade para responder a todas as inscrições

A diretora admitiu não haver recursos humanos e físicos para dar resposta a todas as inscrições anuais. “Não há recursos humanos e físicos para conseguirmos dar resposta a tudo, mas todos os anos entram vários alunos e continuamos com alguns à espera sempre”, afirmou Ana Paula Andrade, vincando que “o mais importante e interessante” é perceber que a procura pelo ensino da música “é uma constante” ao longo dos tempos.

Ana Paula Andrade, que não revelou o número de candidatos que aguardam por uma vaga, destacou que tem sido crescente o número de alunos encaminhados pelas bandas filarmónicas, um fenómeno que considerou “importante” uma vez que funcionam como “berços de aprendizagem da música” e depois no conservatório aperfeiçoam a formação num instrumento específico. “São os próprios maestros e diretores das bandas que os encaminham para o conservatório e isso é muito significativo”, disse.

Os Açores contam com mais de uma centena de bandas filarmónicas no ativo, dispersas pelas nove ilhas do arquipélago, que funcionam como escolas de formação musical não oficial, abrangendo pessoas de ambos os sexos e de várias idades.

Neste momento, o conservatório de Ponta Delgada oferece um “leque alargado” de aulas, abrangendo vários géneros de instrumento, sendo que a instituição gostaria de voltar a disponibilizar o ensino do contrabaixo, que parou devido à reforma do único professor que ministrava as aulas. “Ainda não se conseguiu arranjar novo professor para voltar a oferecer aulas de contrabaixo. É uma área que tem de ser investida, porque faz muita falta nas orquestras”, disse a diretora do conservatório, acrescentando que há também muita gente interessada em aprender a tocar harpa, “mas atualmente não existe formação deste instrumento nos Açores e mesmo no continente é uma área muito carenciada”.

Atualmente, o conservatório está instalado num antigo edifício no centro da cidade, onde já funcionou a biblioteca pública e arquivo regional, apesar de estar prometido há vários anos pelo Governo dos Açores a construção de um novo edifício escolar, que poderia vir a albergar também esta instituição.

Mais do que o anúncio da construção de uma nova casa, como presente pelos 50 anos do conservatório, a diretora da instituição preferia ver concretizada a possibilidade de alargar um pouco mais a casa onde atualmente estão a funcionar. “É um edifício muito bonito, antigo, com muita história, onde já funcionou a biblioteca pública durante muitos anos. Esta casa tem condições para alargar mais um pouco e isso já seria uma boa prenda”, sustentou.

@Lusa