Já na sua quarta edição, o evento foi novamente encarado como "um São João da música" por todos os que à Lusa tentaram defini-lo. Se as atuações de artistas de rua alheios à organização se multiplicaram, é porque "uma certa perda de controlo do festival" pretendida por quem o projeta se tem concretizado e obrigado a uma constante expansão.

"Vamos ter de esticar isto ainda mais para norte ou para sul", disse à Lusa Pedro Moreira da Silva, diretor de comunicação do certame, prevendo a sua expansão "mais para a Ribeira ou para a Câmara Municipal" e partindo do princípio de que "as cem mil pessoas da edição de 2013 foram ultrapassadas este ano".

Prestes a atuar numa D'Bandada que contou com mais de 60 concertos gratuitos distribuídos uma vez mais entre praças, cafés, igrejas, jardins e diversos estabelecimentos comerciais e culturais da baixa do Porto, um dos vocalistas dos Mind Da Gap recordava à Lusa os tempos "em que não havia gente no Porto".
"Cresci a ver esta cidade deserta, à noite", recordava Ace, antes de atuar na Praça dos Poveiros, recorrendo a uma quase inevitável comparação com a noite de São João até pela variedade de públicos, "tanto de putos como pessoas mais velhas a darem o seu pezinho de dança", nalgo que considerou "fantástico para a cidade e para os músicos".

Para João Vieira, ou DJ Kitten, também mentor do projeto de música eletrónica White Haus, "o Porto está a ficar muito semelhante a Barcelona", na medida em que "é muito mais capital da Cultura em 2014 do que em 2001. "Hoje é uma situação muito especial", frisou o músico que havia de atuar na rua Cândido dos Reis, considerando ainda assim que "corre-se o risco, para quem atua como DJ, de que a quantidade da oferta, o 'botellon', a cerveja barata na rua, acabem por dispersar um pouco a qualidade das coisas", ou de que "as pessoas comecem também a ficar desprendidas da qualidade da música".

Minutos antes de Manuela Azevedo, vocalista dos vila-condenses Clã, atuar com a Orquestra de Jazz de Matosinhos na Praça dos Leões, Jonas Fischer, estudante da cidade alemã de Köln, ou Colónia, dizia à Lusa que "foi uma grande surpresa" deparar-se com tamanha festa na cidade.
"Pareceu-me um bom lugar e é", considerou, para rumar ao concerto, numa Praça dos Leões em que pouca mais gente cabia.

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