Em declarações aos jornalistas durante a conferência de imprensa de apresentação da segunda edição do Forte, que decorre entre 27 e 29 de agosto naquele concelho do distrito de Coimbra, o presidente da autarquia de Montemor-o-Velho, Emílio Torrão, saudou a disponibilidade dos promotores do festival em contribuírem para a melhoria do castelo onde o evento se realiza.
Em breve, disse o autarca, vai ser lançada a obra que resulta do apoio financeiro acordado com a produtora Soniculture após a primeira edição do Forte, em 2014, e que incide na recuperação dos pórticos e telhado da Igreja de Santa Maria de Alcáçova.
Para 2015, a produtora volta a não pagar aluguer do castelo, assumindo, ao invés, uma verba que será investida na recuperação do monumento nacional e que, de acordo com Emílio Torrão, vai permitir a "recuperação da acessibilidade para que pessoas com deficiência possam usufruir do castelo". "É uma forma inovadora de mecenato. O Estado e as autarquias não têm dinheiro, temos de ser criativos", frisou o autarca.
Já a diretora regional de cultura, Celeste Amaro, assumiu que foi necessária, da parte daquele organismo estatal, "uma certa dose de loucura" na autorização concedida ao festival. "Arriscámos e bem. Acho que os monumentos não são algo que não possam ter musica, que não possam ser fruídos", afirmou.
Celeste Amaro notou que a música eletrónica "é para se ouvir razoavelmente alta", mas que os serviços da direção regional analisaram as eventuais implicações sobre o monumento, nomeadamente o nível de som que foi limitado a 90 decibéis, "e foram reunidas todas as condições para que [o festival] fosse um sucesso", frisou.
Já sobre o acordo para 2015, ao nível da acessibilidade ao castelo, Celeste Amaro revelou que poderá ser colocada "uma passadeira de conforto" na alameda principal para facilitar a subida aos visitantes, independentemente da sua condição física e tipo de calçado.
Em relação ao edifício da casa de chá do castelo, que se encontra encerrado, Emílio Torrão argumentou que o espaço "não tem condições para servir refeições, apenas chá e bolinhos", e que, ao não cumprir as regras para outros usos ao nível da restauração "não oferece condições para ser rentável". Celeste Amaro admitiu a hipótese de, "com alguma obra", a casa de chá poder vir a funcionar como posto de turismo: "é uma pena estar fechada", disse.
Questionada pela agência Lusa sobre a hipótese do castelo de Montemor-o-Velho poder vir, no futuro, a dispor de um espaço de bar e restaurante, Celeste Amaro respondeu que a partir do momento em que o espaço recebe um festival de música "estão criadas as condições para se fazerem outras coisas". "Durante anos fomos fundamentalistas na preservação e deixámos de o ser como deixaram de ser outros países europeus. Ests pedras têm de ter algum benefício e o benefício, hoje, é serem rentáveis. Não há nenhum estudo que diga que não pode ter um restaurante, mas também não tenho nenhuma proposta", afirmou a diretora regional.
@Lusa
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