A cantora francesa Françoise Hardy, a sofrer há vários anos as consequências de um cancro na faringe, vive um “pesadelo” e quer “partir em breve e rapidamente”, segundo uma entrevista dada à revista Paris Match esta quinta-feira (14).

A intérprete de “Comment te dire adieu”, que completa 80 anos a 17 de janeiro de 2024 e permanece  uma figura icónica tanto na música como na moda, já declarou várias vezes ser a favor da eutanásia nos últimos anos.

Um projeto de lei sobre o fim da vida deverá ser apresentado pelo governo francês em fevereiro.

À pergunta “O que lhe podemos desejar?”, a cantora respondeu: “Partir em breve e rapidamente, sem muitos problemas, como a impossibilidade de respirar”.

Questionada pela revista sobre os seus projetos, na última pergunta, aquela que permanece uma das artistas com mais vendas na história da indústria francesa apesar da retirada artística forçada pela doença voltou a dizer: “Partir para a outra dimensão o mais depressa possível, da forma mais rápida e indolor possível”.

"É um pesadelo"

Françoise Hardy em 2009

“Desde a minha última e recente radioterapia, estou mal porque o meu olho direito vê tudo muito embaciado e é penoso. A minha narina do mesmo lado está sempre obstruída”, explica.

“A boca e o fundo da garganta ficam ainda mais secos. É um pesadelo”, continua.

“Por causa da minha visão deteriorada, não consigo mais ler. Já nem consigo ver televisão, o que, quando encontrava um bom filme, era a melhor forma de me desligar”, lamenta a antiga companheira de Jacques Dutronc, com quem tem um filho, o cantor Thomas Dutronc.

Françoise Hardy ainda fala sobre a sua mente ter sido “destruída” pela doença e explica que suas “55 radioterapias” a fizeram perder “a memória de muitas coisas”. Também lamenta a “falta de equilíbrio”.

Direito à eutanásia na França

O projeto de lei “sobre o modelo francês de fim de vida”, promessa do presidente francês Emmanuel Macron, será “apresentado em fevereiro”, depois de um plano de dez anos sobre cuidados paliativos, anunciou recentemente Agnès Firmin Le Bodo, Minista da Saúde.

Sobre este texto, tão esperado quanto delicado, o executivo adiou diversas vezes o prazo, para grande consternação dos defensores de uma mudança na legislação.

Depois da convenção de cidadãos sobre o fim da vida, a maioria a favor da assistência ativa para morrer, Macron pediu aos seus ministros um projeto de lei “antes do final do verão” de 2023.