No palco do grande auditório do CCB, às 21:00, além da voz de Anabela Duarte e da guitarra de Nuno Rebelo, os “novos Mler Ife Dada” contam com os músicos Francisco Rebelo (Cool Hipnoise, Orelha Negra), no baixo, Filipe Valentim (Rádio Macau, Wordsong), nos teclados, e Samuel Palitos (Censurados, A Naifa), na bateria. A esta formação juntam-se ainda, pela primeira vez na história da banda, um trio de metais e um trio de cordas.

O espetáculo intitula-se “Pintar um vaivém 1984-2014” e é o primeiro de uma série que os “novos” Mler Ife Dada contam realizar pelo país, sem datas ainda agendadas, como disse à Lusa fonte da produção. O grupo vai interpretar temas de sempre da banda, como "Zuvi zeva novi", “Walkman” e a primeira canção que registaram, “Nu Ar”, com a qual abrem a atuação, e que nunca foi gravada em disco.

O termo “Mler Ife Dada” surgiu na primeira canção que o grupo gravou, “Zimpó”, da autoria de Pedro d’Orey que também a cantava, e fez parte do “maxi-single” de apresentação, saído em 1985, que incluiu as canções em inglês “Stretch my face" e "Spring swing".

O grupo, formado em Cascais em 1984, era então constituído por Nuno Rebelo (ex-Street Kids), Augusto França, Pedro D'Orey e Kim.

D’Orey deixou o grupo e foi rendido por Anabela Duarte, que tinha tido experiências artísticas anteriores nos Ocaso Épico e Bye Bye Lolita Girl, e cuja voz que se tornou identitária do grupo.

Os Mler Ife Dada, já com Anabela Duarte, gravaram um single que incluiu "L'amour Va Bien, Merci" e "Ele e Ela... e Eu", esta última uma versão da canção de Carlos Canelhas, com a qual Madalena Iglésias venceu o Festival RTP de 1966.

Anabela Duarte, depois de gravar os álbuns “Coisas que Fascinam” (1987) e "Espírito Invisível" (1989), deixou a banda, tendo sido rendida por Sofia Amendoeira com quem o grupo gravou ainda um EP, antes de desaparecer.

“Coisas que Fascinam” foi considerado pelo jornal Público como um dos melhores álbuns da música portuguesa, no final do século XX.

“Os Mler Ife Dada, dada a qualidade musical feita de uma mescla cultural, a forma como se apresentavam em palco, que constituía um vento criativo, ficaram sempre no imaginário musical português, e tinham de voltar”, disse à Lusa o músico Tiago Faden, produtor da Lisboa Records, que agencia a banda.

Os dois álbuns do grupo foram reeditados já depois de a banda ter abandonado os palcos e os estúdios de gravação, na coleção “Coração Português” da discográfica Polygram.

Em 2003, a Universal Music Portugal editou a compilação "Pequena Fábula" que inclui novas versões de "Zuvi Zeva Novi" e de "L' Amour Va Bien Merci".

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