Morreu esta quarta-feira de manhã, aos 77 anos, Gal Costa, a cantora baiana e uma das maiores divas da música brasileira, voz cristalina e musa do tropicalismo, companheira de vida e de estrelato de Caetano Veloso, Gilberto Gil, Maria Bethânia ou Tom Zé.

A informação foi avançada pela assessoria de imprensa da artista, que não indicou a causa da morte.

Gal Costa era uma das atrações do festival Primavera Sound, que aconteceu em São Paulo no último fim de semana, mas teve a sua participação cancelada à última hora.

Na altura, a sua equipa avançara que ficaria fora dos palcos até o final de novembro, seguindo as recomendações médicas para a necessidade de recuperar de uma cirurgia em setembro para remover um nódulo na fossa nasal direita.

A cantora brasileira também tinha na agenda dois concertos em Portugal, marcados para novembro em Lisboa e Porto, que haviam sido adiados para o próximo ano pela mesma razão.

Gal Costa atuou regularmente em Portugal e a 17 de julho, encerrou a sua digressão pela Europa com dois concertos no nosso país, sendo o último em Valença, no encerramento do novo Festival Contrasta. Voltar, recordava em 2017, era “matar saudades de um público e de um país onde se é feliz”.

A "ligação é fácil”, acrescentava, a começar pelo facto de o avô ser da ilha da Madeira e de também a avó ser filha de portugueses.

Gal Costa num concerto em Lisboa a 2 de junho de 1980

Nascida Maria da Graça Costa Penna Burgos, natural de Salvador da Bahia, Gal Costa estreou-se em agosto de 1964, no espetáculo “Nós, por exemplo”, ao lado de Maria Bethânia, Caetano Veloso e Gilberto Gil, que marcou a afirmação do movimento conhecido por Tropicalismo.

Participou no I Festival Internacional da Canção, em 1966, no Rio de Janeiro, e, no ano seguinte, editou o seu primeiro álbum, “Domingo”, iniciando um percurso discográfico com mais de 30 álbuns de estúdio e nove gravados ao vivo, alguns com Caetano Veloso, Gilberto Gil e Maria Bethânia.

Entre as músicas a que deu alma estão “Baby”, "Um Dia de Domingo", “Meu Bem, Meu Mal”, “Modinha para Gabriela” , “O Meu Nome é Gal”, "Tigresa", "Sua Estupidez", "Você Não Entende Nada", "Da Maior Importância", "Tudo Dói", "Recanto Escuro", "Divino Maravilhoso", "Folhetim", "Mãe", "Minha Voz, Minha Vida", "Barato Total" "Autotune Autoerótico", "Cara do Mundo", "Deus é o Amor", "Dom de Iludir", "Neguinho", "O Amor" e "Vapor Barato", "Mansidão" ou "Força Estranha".

Em janeiro de 2016, a edição brasileira da revista Rolling Stone destacou-a como “uma das maiores vozes do Brasil”, notando que continuava a renovar o seu público quando estava prestes a celebrar 50 anos de carreira.

A revista Veja, de fevereiro desse ano, fazendo um balanço, chamou-a “musa eterna do Tropicalismo”, que “não parou no tempo” e se “continua reinventando”.

Em 2017, Gal Costa afirmou à agência Lusa que se considerava “uma cantora muito emblemática”, antes de explicar: “Comecei influenciada pela Bossa Nova, mas eu ouvi toda a geração anterior a mim, pois cantei ainda antes de falar”, referindo em seguida o compromisso com o Tropicalismo.

“A minha carreira tem uma riqueza de detalhes e uma riqueza musical”, realçava.

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