Mais um vez, a ópera está de volta à instituição. “Praticamente tem acontecido todos os anos desde que a Casa abriu”, diz António Jorge Pacheco, diretor artístico da Casa da Música. “Parece que temos aqui um fantasma da ópera que de vez em quando regressa à nossa sala de concertos e, nesse caso, o fantasma é bem-vindo”, refere.

Este “fantasma da ópera” regressa personificado na tetralogia “O Anel do Nibelungo”, uma saga inspirada em deuses, guerreiros, conflitos geracionais e lutas pelo poder da autoria do compositor alemão Richard Wagner.

Nesta sexta-feira, a Sala Suggia recebe o prólogo “O Ouro do Reno” (21h). No sábado serão apresentados os dois primeiros capítulos: “A Valquíria” (15h) e “Siegfried” (21h). O último capítulo “O Crepúsculo dos Deuses” é encenado no domingo (18h).

“É um projeto muito especial, muito ambicioso e muitíssimo exigente porque se trata de produzir, encenar, tocar e interpretar em três dias quatro óperas que fazem parte da tetralogia de Wagner”, realça António Jorge Pacheco.

“Oportunidade única”

A ópera apresentada neste fim de semana é uma adaptação da década de 90 feita por Jonathan Dove e Graham Vick que reduziram as horas de espetáculo e o número de músicos da orquestra.

O diretor artístico da Casa da Música considera que “se for uma adaptação bem feita, não lesa a obra de Wagner”. António Jorge Pacheco refere outras vantagens desta adaptação de “O Anel do Nibelungo”.

“Nesta versão é mais fácil ouvir os cantores que não têm de lutar contra uma orquestra gigantesca. Conseguem concentrar-se muito mais no drama, na ação, na intimidade das cenas e projetar a voz de uma forma mais natural”, enumera.

Mesmo para os espetadores habituados a grandes orquestras e volumes sonoros, os 18 elementos do Remix Esemble garantem encher os ouvidos de quem for assistir ao espetáculo.

“É uma oportunidade única para o público do Porto poder entrar em contato com este mundo maravilhoso que é a ópera wagneriana”, remata António Jorge Pacheco.

Digressão europeia

Esta produção é o resultado final de um projeto que começou a ser pensado em 2008, construído com vários parceiros europeus da Casa da Música, entre eles o Théâtre et Musique de Paris e o Grand Théâtre do Luxemburgo.

Por isso mesmo, depois de ser apresentado ao público português, o “Ring Saga”, nome dado ao projeto itinerante, segue para outros palcos europeus até dezembro.

@Alice Barcellos