Palco Principal – O projeto Pitt Broken surge em 2008, contigo como mentor, autor e compositor. Quatro anos passados, tens uma música em alta rotação nas rádios – e também numa novela portuguesa -, caminhas para os oito mil fãs no facebook, e – diga-se – tens muitas meninas a suspirar pela tua voz, bastante incomum no panorama musical português. Contudo, são muitos os que defendem que, caso vivesses e editasses noutro país, a tua música seria ouvida a outra escala – muito, muito maior. Humildade à parte, concordas com os teus fãs? Sentes, de alguma forma, o sucesso do teu projeto minimizado por fazeres carreira em Portugal?

Diogo Lima – Na minha opinião, para ultrapassar possíveis obstáculos, há que, em primeiro lugar, percebê-los. Portugal é um país exigente, com um panorama artístico elevadíssimo, um país de gente sensível, inteligente e de uma alma enorme! Neste sentido, sinto o sucesso valorizado. No entanto, somos um país pequeno que todos os dias se depara com questões muito mais importantes do que tentar fortificar uma indústria com pouca tradição internacional, como é o caso da indústria discográfica. Apesar disto, somos capazes de maiores feitos. Embora pequenos em território e em número de cidadãos, somos enormes na nossa capacidade e muitas vezes superamos lógicas e probabilidades! Eu não acredito que o meu fado esteja traçado porque nasci em Portugal. Para mim, ser português, ter nascido num país maravilhoso que, apesar das dificuldades, todos os dias se levanta com garra para mudar o seu destino, é algo que me faz sentir especial. Quando usas a tua emoção para criar seja o que for, necessitas destes impulsos. Quando olho para um país que, mesmo com tudo o que tem acontecido, é capaz de, com extrema elegância, contrariar o que para muitos é uma inevitabilidade, só posso seguir o exemplo. Pitt Broken chegará onde tiver que chegar! Mas confesso que há dez milhões de pessoas muito especiais para mim e é nelas que eu penso!

PP – Mas sentes que tens pernas para andar no mercado internacional?

DL – A música, como toda a arte, é uma linguagem universal! Aqui, o que pode fazer a diferença é a tua capacidade de acreditar, a capacidade das pessoas que trabalham contigo todos os dias para que o teu trabalho chegue a todo o lado… Depois, a questão é muito simples: ou se identificam contigo ou não! Eu acredito que existe música extraordinária que eu nunca tive o privilégio de ouvir porque algo falhou no processo de divulgação. Se eu não conheço, não posso saber se gosto ou não! Entre mim, entre os músicos que comigo trabalham, agentes, managers, enfim, entre toda a equipe que trabalha neste projeto há o compromisso de fazer diferente, de fazer até ao limite, de fazer tudo o que for possível para que a música chegue ao maior número de pessoas possível. Este é o nosso objetivo: fazer chegar o álbum “Change” ao destinatário, sendo que o destinatário é toda a gente! O que não podes mudar é aquilo que és, e o que fazes espelha aquilo que és. Aqui não há forma de controlar o que provocas nas pessoas… Vai haver amor e ódio… E vai haver quem nem saiba do que estamos a falar!

PP – Como analisas o crescimento do projeto Pitt Broken? Esperavas ter alcançado a visibilidade que hoje tens mais cedo? Mais tarde?

DL – O crescimento musical anda a par e passo com o crescimento enquanto indivíduo… À medida que te desenvolves enquanto indivíduo, desenvolves, consequentemente, a tua capacidade de entender, a tua capacidade de sentir, de interpretar e partilhar esse entendimento com alguém. Neste sentido, o caminho tem sido gratificante. Fazer parte da banda sonora da vida de alguém é surreal, é passar para o outro lado! É poder ser capaz de fazer o que muitos fizeram por mim… A visibilidade é uma consequência do trabalho de promoção e, em certa medida, uma resposta de quem já te ouviu, mas deve ser entendida como um início e não como um fim.

PP – Qual consideras ter sido o teu maior empurrão? Aquele momento em que pensaste: “Agora, sim, vou estourar!”?

DL – O momento em que ouves o teu disco e que concluis que é exatamente como o imaginaste é muito forte! A primeira vez que o partilhas com alguém é o momento em que sais da esfera solitária e que colocas o que fizeste sob apreciação. Se tens um sorriso, sabes que, venha o que vier, já venceste! É aqui que a confiança se renova e as coisas acontecem. Num dia estava a partilhar com uma pessoa e, pouco tempo depois, já estava a partilhar com um milhão!

PP – O teu disco de estreia chega às lojas a 1 de outubro. O que nos reserva “Change”?

DL – “Change” é um álbum de memórias, um álbum de histórias, são 11 temas que retratam experiências, sensações, intuições e que, em comum, têm talvez o facto de terem, todos eles, de alguma forma, imprimido um sentimento de caminho inacabado, interrompido. Há nos temas o transporte dessas mesmas experiências para a interpretação e a composição musical, uma tentativa de incluir quem ouve no ambiente vivido na altura em que a história aconteceu. Por vezes, a realidade que vivenciamos não é tão óbvia para nós quando a vivemos como para quem a ouve quando a partilhamos. Nesse sentido, toda a construção musical teve como motivação a aproximação de quem ouve o disco à realidade que foi vivida. Para mim, a música enquanto ciência é pouco interessante e não me parece que faça sentido intelectualizá-la. O que conta é a ligação com quem te ouve! É quem te ouve que te define como artista.

PP – O que traz este registo de novo ao panorama musical português?

DL – Não vão encontrar neste disco uma nova forma de fazer música nem nenhuma inovação científica! É um disco de canções para todos, desde o sobrinho ao tio-avô! Não pretendo trazer nada de novo ao panorama musical em Portugal, quero, sim, trazer algo novo a quem me ouve! Quero ter o privilégio de poder acompanhar alguém com a minha música enquanto essa pessoa vive. Quero poder enriquecer os bons momentos, atenuar os maus e ser uma companhia enquanto alguém corre ou se senta para pensar, para trabalhar… Quero ser a banda sonora, poder subir ao palco e festejar com toda a gente! Portugal tem enormes artistas e eu só quero fazer o meu caminho e poder fazer o que mais gosto de fazer na vida – fazer canções e cantar histórias!

PP – O que se segue para Pitt Broken?

DL – Subir ao palco tanto quanto puder! Tudo tem sido muitíssimo gratificante desde o início desde ciclo, e em tudo as minhas expetativas têm sido superadas! Com o enorme apoio de rádios, produtores, managers, agentes, promotores, amigos, enfim, tudo aconteceu da melhor forma possível e em pouquíssimo tempo tudo atingiu uma enorme proporção… Tudo tem sido formidável, o apoio das pessoas tem sido tremendo! Resta continuar o que foi iniciado com o mesmo prazer e compromisso!

Sara Novais

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