No ano em que se assinala o 30º aniversário da morte de Bob Marley, o pai do movimento reggae, a promotora On Stage levou o mote ‘Tribute to Freedom’ mais longe e decidiu organizar o primeiro festival de reggae do norte do País.

As portas abriram perto das 20h00 e os festivaleiros foram aparecendo timidamente. As dezenas de campistas que se acomodaram no improvisado espaço na praia, esperaram até à última para entrar no recinto e foi já no decorrer do concerto dos Terrakota que uma pequena multidão se juntou em frente ao palco.

O warm up ficou a cargo dos portugueses Souls of Fire. A celebrardez anos de carreira, a banda portuense apresentou um concerto especial, relembrando os seus maiores êxitos. Por entre palavras de ordem e apelos à ‘família’, os Souls of Fire tiveram a pesada tarefa de dar início a um festival, cujo público se mostrou exigente.

As músicas foram surgindo. África, Sem DJ, Bens Materiais ou mesmo Não tem conta fizeram parte do alinhamento de um concerto marcado por História. “Eu não, eu não quero mais olhar para trás”, cantava Diogo Oliveira, vocalista da banda, depois de um apelo politico que despertou as atenções dos espectadores.

A noite começou a cair. Entre curiosos e verdadeiros fãs, uma pequena multidão juntou-se para aplaudir uma das bandas portuguesas de world music mais reconhecidas – os Terrakota. Depois de 11 anos de carreira, a sonoridade diversificada e as influências da música africana, do reggae e mesmo da música das Caraíbas encheram mais de uma hora de música, com uma energia que conseguiu infectar o público.

A poderosa performance e a química contagiante de Romi e Júnior comandaram um concerto que, além de repleto de músicas do albúm editado em 2010, "World Massala", não esqueceu "Oba Train", de 2007, considerado o melhor trabalho da banda. Os «embaixadores do multiculturalismo» não esqueceram temas como É verdade? e Métisses, que despertaram o público para uma noite que se revelava cada vez mais quente.

Com Kay Kay os Terrakota deram o mote para o final do concerto e para a chegada de um dos artistas mais esperados da primeira edição do Reggae Fest: Julian Marley.

Representando o legado do rei do reggae, ‘Ju ju Royal’, como é carinhosamente apelidado, conseguiu cativar o público que, embalado, entoou as letras de músicas como Lion in the morning, que marcou o início da sua carreira, em 1996.

Mas Julian Marley não esqueceu o último trabalho, "Awake", o culminar da maturidade e da sofisticação musical que marcam o seu percurso musical. Boom Draw e Awake foram alguns dos temas mais entoados do concerto, a par de Get up Stand up, em homenagem a seu pai, Bob Marley.

Mas os senhores da noite foram os Dub Incorporation. A banda francesa regressou a Portugal para apresentar o último albúm de originais "Hors Contrôle", editado em 2010 e era sem dúvida o concerto mais aguardado da noite.

Num concerto marcado pela multi-sonoridade e multi-culturalidade, pela voz grave e inconfundível de Aurelien Komlan Zohou e pela voz melódica e harmoniosa de Hakim "Bouchkour" Meridja, Dos a dos, Métissage e My Freestyle fizeram as delícias das centenas de fãs que marcaram presença. Os Dub inc. agarraram o público até ao último minuto, culminando a noite num encore majestoso e num verdadeiro ambiente de festa, que a ameaça de chuva não fazia adivinhar.

Texto e fotografias: Ana Oliveira