
Por trás dos seus óculos pretos com tachas, Victor Faro mantém os olhos fixos nas janelas do hotel onde Lady Gaga está hospedada no Rio de Janeiro: ele espera ver a estrela norte-americana, que dará um mega concerto gratuito no sábado, 3 de maio, na icónica praia de Copacabana.
Com chifres de cabra de plástico na cabeça e bigodes com as pontas levantadas ao estilo Dalí, o jovem de 30 anos usa todo o seu arsenal de "little monster", um apelido carinhoso dado pela estrela pop americana aos seus fãs. Centenas dos aglomeram-se em frente ao Copacabana Palace, a poucos metros do imponente palco montado sobre a areia.
Vindo de Vitória, Espírito Santo, Faro pretende chegar à praia no sábado "bem cedo, às 6h00 da manhã, para ficar o mais perto possível [do palco] e poder 'curtir' bastante". Alguns metros mais à frente, Cinthia Rodrigues, uma criadora de conteúdos de 28 anos, imita a própria Gaga, com uma peruca loira platinada e um lenço.
"Sinto mesmo que ela é literalmente a minha mãe. Porque identifico-me imenso não só com a maneira de ser dela, com a personalidade dela, mas também com a aparência dela", diz à AFP. Está convencida de que a cantora de 39 anos, que se autointitula "mother monster", fará "um concerto histórico".
"Toda a gente no Rio!"

A câmara municipal do Rio, cidade habituada a receber multidões durante o Carnaval, espera um público de 1,6 milhões de pessoas. A autarquia prevê um impacto económico de 600 milhões de reais, quase 30% a mais do que o gerado pelo concerto de Madonna há um ano, no mesmo local.
"Incluir no calendário do Rio um concerto internacional por ano, na Praia de Copacabana, foi uma ideia super acertada", destacou Osmar Lima, secretário municipal de Desenvolvimento Económico, citado num comunicado. "Do ponto de vista económico, é ainda mais importante, porque dinamiza a cidade num mês anteriormente considerado de época baixa", frisa.
"Traz alegria ao bairro, atrai mais dinheiro, mais turistas", resume Analice Regina Moreira, uma moradora de Copacabana de 73 anos.
O Rio de Janeiro vive uma semana particularmente agitada. Além do concerto de Lady Gaga, realiza-se o Web Summit, uma influente conferência sobre economia digital, e uma reunião de ministros dos Negócios Estrangeiros do grupo BRICS, que ocorreu na segunda e terça-feira.
"Toda a gente no Rio! Está tanta gente no Rio que o pessoal já está a confundir o Lavrov, ministro dos Negócios Estrangeiros russo, com a Lady Gaga", brincou o presidente da câmara, Eduardo Paes, ao partilhar nas redes sociais um vídeo de uma pessoa que achou ter visto a cantora a chegar enquanto passava a comitiva do chanceler.
"Só que este concerto parece estar a ser muito maior"

Enquanto aguardam o concerto da intérprete de "Born this Way", alguns comerciantes cariocas já esfregam as mãos de satisfação.
No Saara, uma popular zona comercial no centro, fãs de Gaga não hesitam em esperar uma hora na fila para entrar na loja Lix, que vende t-shirts, bonés e outros acessórios com a imagem da estrela pop, especialmente idolatrada pela comunidade LGBTQ+.
O artigo mais procurado é uma t-shirt com estampado inspirado no vestido feito de carne crua que a cantora usou nos MTV Awards de 2010, vendida por 95 reais.
"Já esperávamos bastantes pessoas, fila e tudo mais. Só que este concerto parece estar a ser muito maior", comemora o gerente Paulo Moreira Monteiro, que acredita que o seu faturamento aumente 70% em comparação com uma semana normal.
"Está toda a gente a querer comprar camisolas, produtos, para poder ir ao concerto já arranjadinho", diz Thais Santos, de 26 anos, que veio da cidade de Pará de Minas (MG) para participar no evento.
Em 2017, viveu uma cruel decepção: o concerto de Lady Gaga previsto para o Rock in Rio foi cancelado à última hora por problemas de saúde da artista, que apenas tinha feito uma digressão anterior pelo Brasil, em 2012.
"Eu estava à porta do Fasano [hotel onde ela supostamente estaria hospedada] quando recebemos a notícia de que ela não viria", recorda Santos, que no sábado poderá finalmente ver a sua ídola em carne e osso.
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