Na verdade, eles não se consideram os melhores, mas a música que nos oferecem tem, sem sombra de dúvida,o selo de qualidade.
Ao longo destes anos lançaram dois álbuns: “Esau Mwamwaya and Radioclit are The Very Best” em 2008, no qual usaram samples de canções de M.I.A e Vampire Weekend, e, em 2009, “Warm Heart of Africa”. Em breve será lançado um novo trabalho. Em palco, o ambiente de festa é muitíssimo quente e quase que pega fogo quando o MC Mo-Laudi, um sul-africano a viver em Paris, se junta ao duo.
Antes de subirem ao palco do Musicbox, no passado dia 29 de outubro, no âmbito do Festival Jameson Urban Routes, o Palco Principal trocou umas palavras com os membros do grupo.
Palcos Principal - Dois continentes culturalmente distintos – Europa e África - encontram-se musicalmente no vosso projeto. Como surgiu esta colaboração inesperada?
The Very Best – Começámos este projeto em 2006. Eu e o Etienne (que, atualmente, não pertence ao grupo) conhecemos o Esaú numa loja que vende artigos em segunda mão, situada perto de minha casa, em Hackney, leste de Londres. Um dia, o Etienne, que comprou lá uma bicicleta, convidou-nos para uma festa em sua casa, durante a qual estivemos a falar sobre música. O Esaú disse que era baterista e eu convidei-o para vir tocar no nosso estúdio. Quando lá chegou, acabou por cantar uma música. Entretanto, fizemos uma cover de Paper Planes, da M.I.A., à qual demos o título de Tengazako, e colocámo-la no nosso myspace. Dois meses mais tarde, Esaú estava na capa da revista americana “Fader”. Digamos que foi um bom começo…
P.P. – Há espaço para outras influências, que não as já referidas, na vossa sonoridade?
T.V.B. – Por norma, pegamos em coisas que gostamos e tornamo-las nossas. No mês passado, por exemplo, terminámos a gravação do nosso novo álbum no Malawi e optámos por gravar uma canção do David Guetta. A melodia era quase perfeita e nós quisemos fazê-lo. A música pode ser qualquer coisa. Pode ser pop, hip-hop, dancemusic… Enfim, se a vibe que te transmite é a correta para ti, então explora-a! Neste álbum que estamos a finalizar temos algumas músicas realmente muito obscuras e certamente ninguém está à espera disso. E há alguns artistas no álbum que também não estarão à espera de ouvir, mas nós só fazemos o que sentimos. O essencial é divertirmo-nos a fazer isto e, simultaneamente, deixarmos o público feliz.
P.P. – Em 2009 lançaram o álbum “Warm Heart of Africa”. O “The Guardian” classificou-o com cinco estrelas, sendo que a “Pitchfork” deu-lhe oito em dez valores. De que forma as críticas positivas influenciam o vosso trabalho?
T.V.B. – É bom obter boas críticas, claro, mas não podemos ficar presos a isso. Fazemos a música que gostamos e que sentimos verdadeiramente. Eu nem sequer conhecia a revista “Pitchfork” quando esta publicou, pela primeira vez, uma crítica ao nosso trabalho. É muito fácil deixares afetar-te por tudo aquilo que lês, por tudo aquilo que escrevem sobre ti e sobre o teu trabalho, pelo que as pessoas dizem. Por isso tento evitar ler as revistas. O Esaú, esse, não lê, realmente, qualquer tipo de artigos (risos).
P.P. – A crítica está, definitivamente, do vosso lado. E o público? Como tem reagido às vossas apresentação ao vivo?
T.V.B. – O público tem sido fenomenal. A última tour que fizemos, há um ano e meio, foi incrível! Como não conseguimos esperar pelo lançamento do novo álbum para voltar à estrada, decidimos regressar aos espetáculos. Neste novo espetáculo temos alguns bailarinos e convidámos, também, o Mo Laudi (oriundo da África do Sul), que tem estado sempre connosco ultimamente. Nestes últimos concertos, assumimos uma postura mais alegre, uma vibe mais positiva, que também se reflete no nosso novo álbum, até porque gravámo-lo a pensar nas performances ao vivo. Sentimo-nos mais realizados quando divertimos as pessoas que se deslocam para nos ver.
P.P. - Como surgiu a parceria com Mo Laudi?
T.V.B. – Nós conhecemo-nos há alguns anos. Antes de se tornar rapper e MC do nosso grupo, esteve em tournée com os Radioclit. É uma pessoa fantástica e também faz um ótimo trabalho como DJ. A energia dele move multidões!
P.P. – Quando chegará ás lojas o sucessor de “Warm Heart Of Africa”?
T.V.B. – Só deverá ser lançado no mercado no próximo ano.
P.P. – Co-produziram, recentemente, uma canção com J-Wow, dos Buraka Som Sistema. Qual a vossa opinião relativamente à sonoridade da banda? E que outros projetos musicais portugueses conhecem?
T.V.B. – Nós amamos o trabalho dos Buraka Som Sistema. Já os conhecemos há algum tempo, mas nunca tivemos oportunidade de trabalhar juntos. No ano passado, em Nova Iorque, tivemos o prazer de conhecer o J-Wow e acabámos por fazer uma música com ele, para este novo disco. Foi muito divertido trabalhar com ele. Também gostamos bastante das canções dos Batida. Aliás, somos amigos deles!
Ana Cláudia Silva
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