Com o seu mais recente álbum de originais, “The Unforgiving”, na bagagem, a banda de Sharon den Adel encontra-se a percorrer a Europa, tendo reservado duas datas para o nosso país - a primeira no Coliseu do Porto.

Ainda que não completamente esgotada, a sala esteve à beira de um colapso quando os primeiros acordes do grupo entoaram. Com um cenário digno de uma grande produção internacional, com direito a escadas, cortinas e um ecrã gigante a ligar os dois extremos da estrutura, a banda subiu ao palco por entre plataformas elevadas, ao ritmo frenético de Shot in the Dark, que imprimiu uma enorme energia no recinto, enquanto alguns mais atrasados ainda procuravam o seu lugar no meio da multidão.

Sharon fez o seu trabalho de casa e procurou, desde o início, estabelecer um diálogo com a plateia, com direito a algumas palavras em português. Os tradicionais “Obrigado” e “Está tudo bem?” arrecadaram do público uma resposta enérgica, em uníssono.

Para os fãs mais fiéis, cada tema era mais um motivo para cantar e saltar, mas, para os menos dedicados, os temas do novo disco, tocados sucessivamente, tiveram um efeito congelante, esfriando o ambiente inicialmente criado.

Felizmente o ecrã de vídeo debitava imagens incansáveis, hollywoodescas, que não deixavam ninguém indiferente. O tema Ice Queen, por exemplo, foi retratato em tons de azul.

Our Solemn Hour surgiu pouco tempo depois, para delírio dos fãs ali apresentes. Por breves instantes, o Coliseu do Porto uniu-se numa «oração», pautada por uma linguagem, no mínimo, incomum, mas que todos pareciam compreender.

O espetáculo continuou com Stand My Ground, Angels e Memories – um dos temas mais marcantes da banda, celebrado com centenas de isqueiros e telemóveis no ar.

Seguiu-se Mother Earth, com os seus ritmos dançantes, antes de Sharon, em jeito de despedida, apresentar os seus companheiros de estrada e proferir um agradecimento sentido a todos os que ali estiveram naquela noite. Para mais tarde recordar, e porque uma imagem vale mais do que mil palavras, tirou ainda uma fotografia de costas para o público, de forma a captar um Coliseu repleto de fãs em êxtase. “Se estiveram cá, procurem a foto”, disse Sharon, aproveitando a oportunidade para cumprimentar alguns dos presentes que estavam na primeira fila.

As opiniões sobre o novo trabalho dos Within Temptation são diversificadas, uma vez que o registo é ligeiramente diferente dos seus antecessores. Opiniões como “gostava mais do trabalho anterior” e “este disco é demasiado comercial” foram proferidas, invariavelmente, à saída. Contudo, os Within Temptation vieram para ficar e mostraram que conseguem ter uma energia e uma presença em palco digna de respeito.

Fotografias: Filipa Oliveira

Texto: José Aguiar