No texto de abertura, “Álvaro do Desassossego”, o editor Manuel S. Fonseca afirma que Pessoa é, a par de Luís de Camões, o poeta mais estudado”, e cita ensaístas que se debruçaram sobre estas obras, como Eduardo Lourenço, Onésimo Teotónio de Almeida, Teresa Rita Lopes ou Fernando Cabral Martins, para em seguida esclarecer que “este livro não faz parte daquela nobre família académica”.

“Se, porventura, [este livro] tiver algum improvável mérito, há de ser o de nos mostrar, de Pessoa, um ângulo original, ou até mais livre do que original, um ângulo adictício”, afirma Manuel S. Fonseca.

Fonseca esclarece: “Em nada e para nada nos interessa ir de pá e picareta escavar-lhe arqueologicamente a biografia e saber se Pessoa se embebedava, se afundava no ópio ou se espetou alguma agulha morfinómana no delicado braço”.

Para o editor, “o que neste livro conta é a forma como os vícios, as drogas americanas que entontecem lhe iluminaram a escrita”.