O álbum, “a grande viagem dos ritmos e dos instrumentos tradicionais angolanos empreendida por este grupo”, é o ponto de partida de uma conversa no dia 04 de abril, às 18:00, no Museu Nacional de Etnologia, em Lisboa.

Uma conversa, com momentos musicais ao vivo evocativos de “Blackground”, moderada por João Carlos Callixto e Mário Lopes, com a presença e atuação dos músicos Alcina Santos, Bonga, Carlos Sanches, Eduardo Nascimento, Fernando Girão, Garda, Lavoisier, Luís N'Gambi, Odete Cruz e Vum-Vum.

Segundo Mário Lopes, este álbum é “uma obra de miscigenação, de superação”, a “obra-prima” de um grupo que se iniciara em 1956 e chegara a Portugal em 1959, e nesta altura dera já a volta ao mundo e preparava-se para mais uma digressão por paragens do oriente, palcos menos habituais da música lusófona

“Blackground”, gravado depois de mais uma digressão pelos Estados Unidos, onde o duo contactou com os grupos de Direitos Cívicos, inclui ritmos ‘rhythm & blues’, ‘soul’ e ‘funk’ é, segundo a editora discográfica, “uma obra conceptual sobre a evolução da música negra”.

“Os rios e os mares são aqui apresentados metaforicamente como meio para a disseminação e evolução dos ritmos a partir das raízes ancestrais da África Banta, ‘Blackground’ é o resultado das transformações da música e da cultura levadas pelos escravos africanos nessas longas viagens”, segundo a discográfica.

“Blackground”, que contou com a colaboração do grupo Objetivo, foi um espetáculo cénico-musical que o Duo Ouro Negro apresentou no I Festival de Vilar de Mouros, em 1971, ano em que foi gravado, tendo sido editado no ano seguinte, com uma capa do também angolano Eleutério Sanches (1935-2016), e foi o ponto de partida para uma digressão por Itália, Bélgica, Alemanha e países do Oriente.

Não era a primeira vez que os Duo Ouro Negro compunham um espetáculo cénico-musical. Já em 1968 tinham feito para a RTP “Rua d’Eliza”, que deu à estação pública uma Medalha de Ouro no Festival de Milão, em Itália. “Blackground” é numa narrativa cosmogónica sobre África na formação das expressões contemporâneas.

O Duo Ouro Negro - Raul Indipwo (1939-2006) e Milo Mac (1941-1986) – que foi “pioneiro no multiculturalismo”, vai ser também homenageado, no dia 20 de abril, no salão Preto e Prata do Casino Estoril, nos arredores de Lisboa, um espetáculo idealizado pelo produtor Ricardo Santos, que junta músicos como Paulo Flores, Bonga, José Cid, Shout!, Luciana Abreu, Nelo de Carvalho, Dany Silva, Don Kikas.

Em declarações à agência Lusa, Ricardo Santos afirmou que o espetáculo, que terá posteriormente um caráter itinerante, é uma tentativa de “homenagear o Duo Ouro Negro, que foi um projeto magnífico, que teve uma duração de cerca de 30 anos, e que nunca foi reconhecido”.

Ricardo Santos afirmou que se vão “reavivar memórias” e fazer “uma homenagem que nunca se fez nem em Portugal, nem em Angola, a um dos mais internacionais grupos”.