Este sábado, dia em que se assinalam os 40 anos da morte do escritor, é publicado o sexto episódio da série “De António Martinho do Rosário a Bernardo Santareno”, que retrata o período desde a publicação de “O Judeu”, em 1966, até ao período a seguir à Revolução de Abril de 1974, afirma um comunicado da autarquia.

O município salienta que o dramaturgo, natural de Santarém, tem origens familiares no concelho, na aldeia de Espinheiro, “onde, em jovem, iniciou a sua escrita teatral”.

As comemorações do centenário de Bernardo Santareno começaram no dia 18 de janeiro, em Lisboa, com um colóquio na Fundação Calouste Gulbenkian, que tomava por mote a afirmação "É no Homem, nas suas urgentes e sangrentas ansiedades, que está a raiz da atual criação dramática".

Ao longo do ano são várias as iniciativas previstas para celebrar os cem anos daquele que é tido como um dos maiores dramaturgos portugueses do século XX.

Um dos pontos altos deverá ser a estreia da peça "O Pecado de João Agonia", no Teatro da Trindade, prevista para 19 de novembro, dia em que passam cem anos sobre o nascimento do dramaturgo, e que a encenadora Fernanda Lapa, que morreu no início deste mês, preparava.

A exibição de filmes e documentários, exposições, edições e reedições da obra de Bernardo Santareno são outras iniciativas que fazem parte do leque de ofertas culturais que, ao longo do ano, homenageiam o dramaturgo.

Nascido António Martinho do Rosário, em Santarém, formou-se em Medicina e especializou-se em psiquiatria, mas foi com o pseudónimo literário Bernardo Santareno que se tornou conhecido fora dos consultórios onde trabalhou.

Morreu a 29 de agosto de 1980, com 59 anos.

"A Promessa", adaptada ao cinema por António de Macedo (longa-metragem selecionada para o Festival de Cannes), "O Lugre", "O Crime da Aldeia Velha", "António Marinheiro ou o Édipo de Alfama", "O Pecado de João Agonia", "O Judeu", "A Traição do Padre Martinho" e "Português, Escritor, 45 Anos de Idade" são algumas das peças de Bernardo Santareno, que se destacaram nos palcos.

O autor também escreveu poesia ("A Morte na Raiz", "Romances do Mar", "Os Olhos da Víbora") e relatos de viagens, nomeadamente em "Nos Mares do Fim do Mundo", onde testemunha a saga dos pescadores da antiga frota bacalhoeira portuguesa, contrariando a visão pacífica, oficial, divulgada pela ditadura, das condições de trabalho e da pesca.

Bernardo Santareno foi um dos médicos que acompanhou as longas campanhas pesqueiras, realizadas no final dos anos de 1950, integrado na equipa do navio hospital Gil Eannes e nos arrastões Senhora do Mar e David Melgueiro, onde testemunhou as precárias condições de higiene, de salubridade e as jornadas de trabalho, muitas vezes ininterruptas, de dezenas de horas, a que os pescadores, mal pagos, eram sujeitos.

No passado mês de janeiro, o Teatro do Noroeste pôs em cena, em Viana do Castelo, o espetáculo comunitário "Gil Santareno Eannes", a bordo do navio hospital, para "celebrar" a ligação do médico e dramaturgo português à embarcação, envolvendo mais de 40 atores amadores, com idades entre os 12 e os 88 anos, que participaram nas oficinas da companhia.

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