
Dorothée Munyaneza, Vânia Doutel Vaz, Chiara Bersani, María del Mar Suárez (La Chachi) são algumas das presenças em destaque no regresso do Alkantara Festival a Lisboa, entre 14 e 23 de novembro, com espetáculos, ‘workshops’, conversas e outros encontros.
As iniciativas vão distribuir-se por vários espaços da capital, como Culturgest, Teatro do Bairro Alto (TBA), Centro Cultural de Belém (CCB) e Centro de Arte Moderna Gulbenkian (CAM), a nova Sala Valentim de Barros nos Jardins do Bombarda (em parceria com o Teatro Nacional D. Maria II), as Galerias Municipais de Lisboa, a ZDB 8 Marvila, o Museu de Arte, Arquitetura e Tecnologia (MAAT) e as Carpintarias de São Lázaro, anunciou a organização.
A abrir o festival, a cantora, atriz, dançarina e coreógrafa britânico-ruandesa Dorothée Munyaneza apresenta o espetáculo “umuko”, que põe no centro uma árvore ancestral de flores vermelhas vivas, símbolo de cura e guardiã das histórias que atravessam gerações, marcando os 28 anos desde que a artista deixou a sua terra natal.
Com cinco jovens artistas ruandeses — bailarinos, músicos e poetas — Munyaneza celebra a criatividade, a audácia e a liberdade dessa nova geração, nascida depois do genocídio contra a população tutsi que dilacerou o Ruanda em 1994, carregando a memória de uma herança comum enquanto sonha o futuro e resiste à precariedade do quotidiano.
Outra novidade é a apresentação inédita em Lisboa, no TBA, do espetáculo “violetas”, da bailarina e coreógrafa angolana nascida em Setúbal Vânia Doutel Vaz, na companhia de Lua Aurora, Lucília Raimundo, Piny e Wura Moraes.
Trata-se de uma peça íntima de dança desenvolvida num ambiente minimalista e sem música, em que as cinco intérpretes habitam o palco e os seus limites, experimentando o corpo que dança como matéria única, ocupando cada uma o espaço com a sua linguagem, história e subjetividade.
A intérprete e criadora italiana Chiara Bersani, depois de anos a criar peças a solo, expande agora o seu universo coreográfico para incluir “um coro de corpos não normativos”.
A convite do Alkantara e do CAM, que partilham o comissariado desta nova criação, “Michel — Os animais que sou”, que nasce do desejo de transformar a exceção em coletividade, e cujo título é inspirado por Michel Petrucciani, aclamado pianista de jazz que tinha a mesma condição genética que Chiara Bersani (osteogénese imperfeita).
Este espetáculo, que põe em cena três intérpretes italianas com deficiência motorw, “aponta para um esforço coletivo” de criar trajetórias onde artistas com deficiência possam crescer, trabalhar e ser vistos.
No CCB, apresenta-se a coreógrafa andaluza María del Mar Suárez – também conhecida como La Chachi – que se distingue por uma linguagem própria, que funde flamenco, teatro físico e dança contemporânea.
No centro da cena está a busca de “Currito” — figura ausente, evocada, inalcançável — e uma montanha impossível de escalar que se torna metáfora do desejo, da fé, da perda ou do amor.
“A música ao vivo, interpretada por dois músicos e uma cantora, ocupa o centro da cena e arrasta-nos num crescendo repetitivo que se adensa como uma avalanche, deixando a dúvida: assistimos a um concerto ou a uma peça de dança?”, descrevem os promotores do festival.
A programação completa do Alkantara Festival 2025 vai ser anunciada em outubro, num evento que decorrerá na Galeria Quadrum.
Pela primeira vez, o São Luiz Teatro Municipal não acolhe qualquer proposta de programação, abandonando o seu lugar de coprodutor do festival, depois de ter sido, entre 2006 e 2024, um dos espaços de apresentação mais indissociáveis do Alkantara Festival.
Alkantara é financiado pela República Portuguesa - Cultura/Direção-Geral das Artes e pela Câmara Municipal de Lisboa.
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