O disco “Guitarra Portuguesa por António, Paulo e Ricardo Parreira”, editado pela HM Música, é editado na sexta-feira e “apresenta guitarradas tradicionais, revisitando a tradição e homenageando os seus grandes intérpretes”, disse à Lusa António Parreira, que toca há mais de 40 anos.

António Parreira, pai de Paulo e Ricardo, é professor de guitarra portuguesa no Museu do Fado, em Lisboa, há 15 anos, e “há muito acalentava o sonho de gravar com os filhos”, logo que estes se tornaram guitarristas.

“Este disco tem guitarradas tradicionais, cerca de 12, e inclui um tema incontornável para qualquer instrumentista de guitarra, a ‘Canção de Alcipe’, de Afonso Correia Leite, e ainda temas de minha autoria,”, explicou.

“A escolha das guitarradas tradicionais é para homenagear aqueles guitarristas como Armandinho, Jaime Santos, Domingos Camarinha, Francisco Carvalhinho, Artur Paredes, José Fontes Rocha ou Manuel Marques”, disse António Parreira, que tocou com alguns deles.

Em declarações à Lusa, António Parreira, que em março de 2014 publicou “O livro dos fados – 180 Fados Tradicionais em partituras”, realçou o papel daqueles “menos visíveis, mas não menos brilhantes”.

“A guitarra portuguesa faz parte da cultura portuguesa, e esta não se constrói somente pelo relevo dos protagonistas mediáticos, é também suportada pelas figuras menos conhecidas do grande público, talvez mais discretas, mas não menos brilhantes, e que trabalham para manter as nossas tradições, para continuarmos o amanhã”, afirmou António Parreira.

“Há que manter o respeito pela autenticidade da herança que estas grandes mestres, como Armandinho, e outros, nos passaram”, acrescentou.

O guitarrista afirmou-se “realizado” por ter concretizado o sonho de gravar com os filhos, cujas prestações considera “excelentes”, e quanto à sua, afirmou: “Já não posso ter ambições em ser um Paulo ou um Ricardo”.

Considera-se “vocacionado para ensinar” e, pela escola do Museu do Fado, que considera a sua segunda casa, já ensinou, “pelo menos, uns 20, alguns com mais talento do que outros, mas todos eles bons, e gostaria de um dia tocar com todos juntos", lembrando, “quando, no Natal, o Museu organizava um concerto de guitarra portuguesa com os alunos, o que já não acontece há uns seis ou sete anos”.

O álbum abre com “Balada para Maria Inês”, de António Parreira, que assina ainda “Quero cantar, um fado para Maria Leonor”, “Pregões/Zé guitarrista” e “Puto de Lisboa/Ser Português”.

De Paulo Parreira é interpretada a peça “Variações em Ré sobre o Fado Menor e o Fado Mouraria”.

Outros temas são “Guitarra de Lisboa”, de Manuel Marques, “Fado de Fontalvo”, de Armandinho, “Variações em Mi”, de José Lopes, “Variações em Sol”, de José Nunes, ou “Capricho”, de José Fontes Rocha.

Francisco Gaspar e Francisco Gonçalves, na viola baixo, Rogério Ferreira, Guilherme Carvalhais e Marco Oliveira, na viola, são os músicos que acompanham os três Parreiras.

O álbum “Guitarra portuguesa por António, Paulo e Ricardo Parreira” é apresentado no dia 31 deste mês, no Museu do Fado, em Lisboa.