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Marco Martins considera a peça de Genet “um texto inesgotável sobre a condição humana e sobre a relação com o poder e a forma como a nossa identidade é criada pelo outro”.
Esta é a primeira vez que Marco Martins encena um texto “só trabalhado por personagens femininas”, sendo a cenografia de F. Ribeiro, os figurinos, de Adriana Molder, e o desenho de luz, de Nuno Meira.
Luísa Cruz, "uma das mais fantásticas atrizes de teatro em Portugal”, faz a personagem da senhora. Com Beatriz Batarda, o encenador já “tinha trabalhado há muitos anos, mas nunca com ela como protagonista”, contou.
“Nesta encenação, são as próprias atrizes que criam o seu espaço cénico”, adiantou à Lusa Marco Martins, acrescentando: “O texto também nos fala disso mesmo, duas irmãs que todas as noites encenam a tentativa de matar a senhora, além do facto de as atrizes, elas próprias, terem também um percurso [paralelo ao da representação] como encenadoras”.
"Este é um texto de atores, ou seja, é uma descoberta do próprio ator que conduz à descoberta da própria personagem”, referiu.
Do ponto de vista cénico, “é um espaço muito claustrofóbico, criando um palco que é uma espécie de ringue, com quatro frentes em que o público está lado a lado com as atrizes”, disse o encenador.
A peça baseia-se num caso real, das irmãs Lapin que assassinaram a sua patroa e a filha, em Le Mans, França.
O caso fez correr muita tinta, na década de 1930, e sobre ele escreveram vários intelectuais, entre os quais Jean-Paul Sartre.
A peça foi escrita por encomenda, por Jean Genet (1910-1986), quando esteve preso.
Marco Martins referiu-se ao texto do autor francês como “um clássico”, que é “sempre tentador de novas leituras”.
“Sendo um texto muito complexo, na sua forma, e quer pela sua própria natureza e pela sua poética, torna-o inesgotável e muito apelativo, e daí o ter querido fazer”, disse.
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