Num comunicado enviado à agência Lusa, o atelier salienta que "a crise mundial inédita" que ameaça a economia e a saúde pública, "fez-se sentir de imediato na comunidade artística".
Seguindo as recomendações institucionais, a equipa do Atelier Joana Vasconcelos passou inicialmente a regime de teletrabalho, mas acabou por decidir avançar para o processo de ‘lay-off’ dos seus trabalhadores para "suprir os custos mensais, e como recurso temporário para assegurar todos os postos de trabalho, ajudando a manter uma equipa de mais de 50 pessoas a garantir a sua subsistência e a das suas famílias".
"Pela primeira vez em 25 anos, conhecemos a tristeza de fechar as portas sem saber quando voltaríamos a abri-las", indica ainda o comunicado do atelier situado na Doca de Alcântara, em Lisboa.
Contactada pela agência Lusa, a artista disse que tinha vários projetos em curso, nomeadamente seis exposições nos Estados Unidos, Índia e Dinamarca, e foram todos adiados.
"Isto é uma desgraça. O setor cultural vive do contacto com o público e neste momento está tudo cancelado. O meio artístico vive uma situação muito difícil", avaliou.
Sobre os apoios públicos e privados disponibilizados para a cultura, a artista - cujo trabalho é apresentado sobretudo no estrangeiro - considera que "toda a gente está a fazer o que pode, num espírito de solidariedade, que é o mais importante agora".
"A incerteza com o futuro é enorme, mas o que deve prevalecer nesta situação de crise é a tolerância e a compaixão", apelou a artista de 48 anos, que representou Portugal na Bienal de Arte de Veneza em 2013.
Joana Vasconcelos foi a primeira mulher artista a ser convidada a criar uma exposição para o Palácio de Versalhes, em Paris, em 2012.
Em 2010, apresentou a exposição antológica "Sem Rede" no Centro Cultural de Belém, em Lisboa, e o seu trabalho tem sido exposto em museus um pouco por todo o mundo.
O novo coronavírus, responsável pela pandemia da COVID-19, já provocou mais de 103 mil mortos e infetou mais de 1,7 milhões de pessoas em 193 países e territórios.
Depois de surgir na China, em dezembro, o surto espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a declarar uma situação de pandemia.
Em Portugal, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, registam-se 470 mortos, mais 35 do que na sexta-feira (+8%), e 15.987 casos de infeção confirmados, o que representa um aumento de 515 em relação a sexta-feira (+3,3%).
Portugal, onde os primeiros casos confirmados foram registados no dia 2 de março, encontra-se em estado de emergência desde de 19 de março e até ao final do dia 17 de abril.
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