Vasco Graça Moura, Herberto Helder, José Saramago, Sophia de Mello Breyner, Hélia Correia, Júlio Pomar e Jorge Palma são alguns dos autores que se cruzam no novo disco.

O álbum nasceu "da intuição e da certeza de que Carlos do Carmo tinha ainda fados por cantar", acrescenta a discográfica. "Fados que, nalguns casos, nem suspeitavam que pudessem ser fados".

O fadista, de 80 anos, já tinha adiantado alguns dos temas do disco no seu espetáculo de despedida dos palcos, a 9 de novembro do ano passado, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, nomeadamente "Mariquinhas.Com", um poema de Vasco Graça Moura, que glosa um dos fados mais conhecidos do repertório fadista, e "A Casa da Mariquinhas", de Silva Tavares, uma criação de Alfredo Marceneiro.

Na ocasião Carlos do Carmo sublinhou que era um adeus aos palcos, deixando em aberto outras possibilidades artísticas, como novos álbuns, e anunciou a edição, para janeiro passado, deste registo, que vaticinou como "aquele que poderá ser o último disco".

Neste novo álbum, além de Vasco Graça Moura, Carlos do Carmo gravou poemas de Herberto Helder, José Saramago, Sophia de Mello Breyner, Hélia Correia, Júlio Pomar e Jorge Palma.

Sophia e Herberto são dois autores estreantes na voz de Carlos do Carmo, que nunca os tinha cantado anteriormente.

Na composição musical, o disco conta com autorias de Victorino D'Almeida, que já assinou para o fadista o "Fado do Campo Grande", Mário Pacheco, Paulo de Carvalho, autor da música de "Lisboa Menina e Moça", e José Manuel Neto, guitarrista que o acompanhou várias vezes, tanto em estúdio como em palco.

"E Ainda..." será editado em dois CD - o álbum de originais e o registo do espetáculo no Coliseu dos Recreios, no ano passado.

Será também disponibilizada uma "versão limitada e especial", em que, além dos dois CD, haverá um DVD com o concerto de 2019 e um vídeo com uma entrevista ao fadista, feita ao longo da gravação do álbum. Esta versão terá também imagens inéditas de estúdio e de ensaios, segundo a editora.

Carlos do Carmo recebeu este ano o Prémio Vasco Graça Moura - Cidadania Cultural, que o considerou "individualidade exemplar numa área que Vasco Graça Moura muito prezava e para a qual contribuiu com numerosos poemas", o fado.

O galardão distinguiu igualmente "o papel fundamental de Carlos do Carmo na divulgação dos maiores poetas portugueses", o que este álbum comprova.

Filho da fadista Lucília do Carmo (1919-1998) e do livreiro Alfredo Almeida, proprietários da casa de fados O Faia, em Lisboa, onde começou a cantar, até iniciar a carreira artística, em 1964, Carlos do Carmo construiu um repertório que inclui, entre outros poetas, Frederico de Brito, Maria do Rosário Pedreira, José Carlos Ary dos Santos e Júlio Pomar, o artista.

A sua discografia inclui temas como "Por Morrer uma Andorinha", "Bairro Alto", "Canoas do Tejo", "Os Putos", "Lisboa Menina e Moça", "Estrela da Tarde", "Pontas soltas", "O homem das castanhas" e "Um homem na cidade", entre outras canções.

Com a canção "Flor de Verde Pinho", sobre o poema homónimo de Manuel Alegre, representou Portugal no XXI Festival Eurovisão da Canção, em 1976.

Embaixador do fado, Carlos do Carmo atuou no Olympia, em Paris, nas Óperas de Frankfurt e de Wiesbaden, na Alemanha, além do Canecão, no Rio de Janeiro, ou do Savoy, em Helsínquia.

Em 2014 recebeu um Grammy Latino pelo conjunto da obra, e o Prémio Personalidade do Ano/Martha de la Cal, da Associação Imprensa Estrangeira em Portugal.

No ano seguinte recebeu a mais elevada distinção da capital francesa, a Grande Médaille de Vermeil, e, no ano seguinte, o Estado português condecorou-o como o grau de Grande-Oficial da Ordem do Mérito.

No concerto no Coliseu dos Recreios recebeu, em palco, a chave da cidade de Lisboa, uma honra dada habitualmente aos chefes de Estado que visitam Portugal.

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