De acordo com a editora Universal Music Portugal, num comunicado enviado à agência Lusa, o “grande concerto de homenagem” a Carlos do Carmo, que morreu a 1 de janeiro deste ano, "Fado é Amor" irá juntar António Serrano, Agir, Camané, Carminho, Dino d’Santiago, Jorge Palma, Mariza, Marco Rodrigues, Pedro Abrunhosa, Ricardo Ribeiro e Sara Tavares, “num espetáculo único e inesquecível”.

“A ideia foi a de juntar, naquele que seria o dia do seu aniversário, alguns dos maiores nomes da Música Portuguesa, artistas de diferentes gerações e de diversos estilos musicais, com quem o fadista se cruzou durante a sua longa e histórica carreira, e prestar-lhe a melhor homenagem que lhe poderia ser feita”, lê-se no comunicado.

Nascido em Lisboa, a 21 de dezembro de 1939, Carlos do Carmo era filho da fadista Lucília do Carmo e do livreiro Alfredo Almeida, proprietários da casa de fados O Faia, onde começou a cantar, até iniciar a carreira artística em 1964.

Vencedor do Grammy Latino de Carreira, que recebeu em 2014, entre outros galardões, o seu percurso passou pelos principais palcos mundiais, do Olympia, em Paris, à Ópera de Frankfurt, na Alemanha, do 'Canecão', no Rio de Janeiro, ao Royal Albert Hall, em Londres.

Com a canção "Flor de Verde Pinho", sobre o poema homónimo de Manuel Alegre, representou Portugal no Festival Eurovisão da Canção, em 1976.

Em 2015, recebeu a mais elevada distinção da capital francesa, a Grande Médaille de Vermeil, e, no ano seguinte, o Estado português condecorou-o com o grau de Grande-Oficial da Ordem do Mérito. Em 2019, recebeu a chave da cidade de Lisboa, uma honra dada habitualmente aos chefes de Estado que visitam Portugal.

“No Teu Poema”, “Um Homem na Cidade”, “Os Putos”, “Canoas do Tejo”, “Lisboa, Menina e Moça”, “Bairro Alto”, “Por Morrer uma Andorinha”, “Fado do Campo Grande” e “Fado da Saudade”, interpretado no filme “Fados”, que lhe valeu um Prémio Goya, em Espanha, foram alguns dos seus êxitos, registados em dezenas de discos.

O último álbum do fadista “E Ainda...” foi editado no passado dia 16 de abril e, embora se trate de uma edição póstuma, “foi todo ele concebido e criado em vida”.

Alguns dos temas incluídos neste álbum foram apresentados ao vivo pelo fadista no espetáculo de despedida dos palcos, a 9 de novembro de 2019, no Coliseu dos Recreios, em Lisboa, nomeadamente “Mariquinhas.Com”, um poema de Vasco Graça Moura, que glosa um dos fados mais conhecidos do repertório fadista, “A Casa da Mariquinhas”, de Silva Tavares, uma criação de Alfredo Marceneiro.

Em “E Ainda...”, além de Vasco Graça Moura, Carlos do Carmo gravou poemas de Herberto Helder, José Saramago, Sophia de Mello Breyner, Hélia Correia, Júlio Pomar e Jorge Palma. Sophia e Herberto foram assim dois autores estreantes na voz do fadista, que nunca antes os tinha cantado.

Na composição musical, “E Ainda...” conta com autorias de Victorino D'Almeida, que já assinara para o fadista o “Fado do Campo Grande”, Mário Pacheco, Paulo de Carvalho, autor da música de “Lisboa Menina e Moça”, e José Manuel Neto, guitarrista que o acompanhou várias vezes, tanto em estúdio como em palco.