Numa ação cível num tribunal de Nova Iorque, um júri considerou esta quinta-feira o cineasta canadiano Paul Haggis culpado em todas as três acusações de violação e abuso sexual da publicitária Haleigh Breest.

O veredito unânime de quatro homens e duas mulheres tomou a decisão após seis horas de deliberações, concedendo à queixosa uma indemnização de 7,5 milhões de dólares em danos compensatórios (7,4 milhões de euros, após o câmbio). O júri também recomendou o pagamento por danos punitivos, cujo valor será decidido na segunda-feira.

Neste caso, Haggis não enfrenta acusações criminais que o poderiam levar a ser condenado a uma pena de prisão.

Conhecido por ser um dos criadores da série de televisão “Walker, o Ranger do Texas” e vencedor dos Óscares de Melhor Filme (enquanto produtor) e de Melhor Argumento Original por “Colisão” (2005), Paul Haggis começou a ser julgado a 20 de outubro.

Paul Haggis a 19 de outubro

O também argumentista de “Million Dollar Baby - Sonhos Vencidos” (2004) e de “007 - Casino Royale” (2006), de 69 anos, era acusado desde dezembro de 2017 pela publicitária Haleigh Breest de a ter violado em janeiro de 2013, quando a visada tinha 26 anos.

A queixa descrevia como, na noite de 31 de janeiro de 2013, após a exibição de um filme em Manhattan, o cineasta insistiu que a mulher fosse beber um copo na sua casa, quando a mesma tinha dito que preferia ir a um bar. No apartamento, Paul Haggis fez muitos avanços antes de a forçar a fazer sexo oral e a violá-la, apesar de suplicar para parar.

Nesta ação cível, o cineasta só respondeu pelas três acusações, embora tenham testemunhado outras mulheres que o acusaram de agressão sexual, ou de tentativas, entre 1996 e 2015.

Ao longo do julgamento, Paul Haggis testemunhou que era "um ser humano com muitas falhas", mas desmentiu algumas vez abusado de mulheres e que havia sido a publicitária a iniciar o sexo oral numa interação totalmente consensual, referindo que não se lembrava de ter tido relações sexuais.

Por seu turno, o realizador disse que havia sido a publicitária a iniciar o sexo oral numa interação totalmente consensual, referindo que não se lembrava de ter tido relações sexuais.

Os jurados ficaram do lado de Breest, que indicou que sofreu danos psicológicos e profissionais após o encontro com Haggis.

“Pensei que ia de boleia para casa. Concordei em tomar um copo. O que aconteceu nunca deveria ter acontecido. E não tinha nada a ver comigo, e tudo a ver com ele e as suas ações”, disse a queixosa.

Os seus advogados sugeriram que a queixa havia sido orientada pela Igreja da Cientologia, com a qual o cineasta se separou e que desde então vem criticando. Uma tese contestada pela defesa da queixosa.

Entre as testemunhas a favor de Haggis figurou a ex-mulher, a atriz e cantora Deborah Rennard, que declarou que ele foi infiel mais de 20 vezes durante o casamento, mas nunca violento.

Em junho, Haggis foi detido no sul de Itália, durante a estadia para um festival, por suspeita de agredir sexualmente uma jovem.

Uma juíza italiana decidiu que não existiam indícios e libertou-o após três semanas em prisão domiciliária.