“A peça fala muito de como é que é a relação da família, dos filhos para com os pais, dos pais para com os filhos e dos filhos uns para com os outros”, explicou o coreógrafo aos jornalistas, no final de um ensaio no Teatro Viriato.

Desde o início do espetáculo que os três bailarinos, interpretando os irmãos Abelard, Adler e Hadrian, procuram o rasto dos seus pais, marcando com um giz, no chão, a sua ausência.

Segundo Victor Hugo Pontes, no espetáculo, os três irmãos “começam a ficcionar que os pais existem, por isso é que eles vão escrevendo no chão, para se manterem ligados às memórias que tinham” deles.

“Esta peça foi escrita na altura da pandemia [de COVID-19)]. Não quer dizer que esteja completamente ligada à pandemia, mas tem a ver com esta ideia de estarmos confinados em casa, de elementos da nossa família irem desaparecendo e não nos podermos despedir deles”, referiu.

Ou seja, o espetáculo “não é sobre a pandemia, mas é sobre um dos efeitos da pandemia”, esclareceu.

Victor Hugo Pontes optou por “deixar o autor presente”, através de frases colocadas em cena, visto que se trata de um texto original de Gonçalo M. Tavares.

“Há este jogo em que eles (os irmãos) por vezes fazem exatamente o que o autor sugere e há outros momentos em que as legendas dizem uma coisa e eles fazem outra”, avançou.

A peça “é extremamente pesada”, mas é aligeirada por momentos de humor cuja perceção, segundo o coreógrafo, dependerá muito da vivência de cada pessoa.

“Às vezes rimos para não chorar e às vezes choramos de tanto rir. Há um humor negro na peça e também serve para aligeirar esta incursão destes três personagens que andam à procura dos pais”, contou.

Segundo Victor Hugo Pontes , os três irmãos nasceram em fases diferentes e, por isso, “há coisas que se passaram que os outros não sabem e que depois vão descobrindo ao longo da peça”.

“A peça passa por essa descoberta do que é que se tinha passado antes de eles nascerem, ou quando eram novos, e que marcas é que foram deixadas em cada um deles. Seja uma tatuagem que é muito visível ou sejam tatuagens que não são visíveis, que são as marcas que vamos tendo ao longo da nossa vida”, referiu.

Os filhos como propriedade dos pais e os sacrifícios que uns fazem pelos outros são conceitos explorados durante o espetáculo.

“Eles vão ter que se sacrificar uns aos outros para que o pai continue a viver. Não sabemos se isso é real ou imaginário, fica em aberto”, referiu.

Esta estreia abre a nova temporada de setembro a dezembro do Teatro Viriato, cuja programação será apresentada na próxima semana.

A peça “Os Três Irmãos” é uma coprodução de várias entidades, nomeadamente Nome Próprio, Casa das Artes de Vila Nova de Famalicão, Cine-Teatro Louletano, São Luiz Teatro Municipal, Teatro Municipal do Porto e Teatro Viriato.

Depois de Viseu, onde será apresentado nos dias 18 e 19, o espetáculo estará no São Luiz Teatro Municipal (de 25 a 28 de fevereiro de 2021) e no Festival Dias da Dança - Grande Auditório do Rivoli (30 de abril e 1 de maio de 2021).

Tudo o que se passa à frente e atrás das câmaras!

Receba o melhor do SAPO Mag, semanalmente, no seu email.

Os temas quentes do cinema, da TV e da música!

Ative as notificações do SAPO Mag.

O que está a dar na TV, no cinema e na música!

Siga o SAPO nas redes sociais. Use a #SAPOmag nas suas publicações.