Em entrevista à Lusa, João Branco Kyron, um dos elementos do grupo, recorda que, com um espectro de influências “bastante alargado”, os Beautify Junkyards acabam por em cada álbum “aprofundar mais determinadas correntes”.

“‘COSMORAMA’ se calhar tem uma componente eletrónica mais preponderante que os anteriores, e ritmicamente está bastante mais rico que os álbuns anteriores. Aquela folk mais à superfície, se calhar, neste disco está mais subliminar”, afirmou.

Além disso, a banda resolveu também “fazer um disco, emocionalmente, com um espectro mais alargado: há musicas bastante luminosas, mas também há músicas que vão por territórios mais noturnos”.

Em “COSMORAMA”, tal como nos álbuns anteriores, coexistem duas línguas: o português e o inglês.

“A língua para nós é uma diluição e não temos qualquer barreira em relação a ela. Tentamos usar o que de melhor cada língua nos oferece em determinada música, e normalmente quando começamos a fazer uma base instrumental, associado a essa base já nos vem um determinado ambiente e determinada textura que nos faz ir por um lado ou ir pelo outro ou por uma solução mista”, explicou João Branco Kyron.

O novo álbum do grupo, que tem distribuição mundial pela state51, começou a ser trabalhado no início de 2019, num processo “mais ou menos semelhante” ao dos discos anteriores.

“Vamos todos juntos uns dias para um sítio fazer umas sessões de improviso, e a partir daí escolhemos as melhores bases e as melhores ideias e começamos a trabalhar, todos em conjunto ou em grupos separados. Por exemplo, houve sessões em que trabalhávamos só a componente mais rítmica, do baixo e da bateria, para experimentar várias soluções em cima das ideias, e a coisa foi avançando um bocado assim”, contou João Branco Kyron.

As gravações de “COSMORAMA” decorreram algumas semanas depois da última vez que estiveram juntos em palco, em fevereiro do ano passado, no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa.

“Acabámos as gravações todas mesmo antes do confinamento [decretado em Portugal em março do ano passado devido à pandemia da COVID-19]. Tivemos essa sorte de acabar mesmo antes, que nos deu bastante tempo para trabalhar nas misturas, e foi bom porque pudemos experimentar várias soluções de texturas, de sons. Aproveitámos para nos concentrarmos numa atividade criativa, o que nos deu algum alento naquele período”, partilhou o músico.

Além de João Branco Kyron (vozes e sintetizadores), os Beautify Junkyards são: Helena Espvall (violoncelo, flauta e guitarra acústica), João Moreira (guitarra acústica e sintetizadores), Sergue Ra (baixo), António Watts (bateria e percussão) e Martinez (vozes).

E em “COSMORAMA”, aos elementos da banda juntam-se três convidados: a brasileira Nina Miranda, voz dos Smoke City, a norte-americana Alisson Brice, vocalista dos Lake Ruth, e o harpista português Eduardo Raon.

Ainda sem saber quando poderão apresentar “COSMORAMA” ao vivo, os Beautify Junkyars já retomaram os ensaios e esperam “no fim do primeiro trimestre voltar aos concertos”.

“Vamos ficar dependentes de toda a envolvente, mas temos que fazer planos e continuar todos a fazer esse esforço de sermos positivos e continuarmos a nossa caminhada”, afirmou João Branco Kyron.