A bolsa pretende "atenuar danos" causados a artistas e companhias que estão "impossibilitados de trabalhar" na sequência do estado de emergência decretado em Portugal devido à COVID-19, explicou hoje à agência Lusa o diretor artístico e ator da Lendias d'Encantar, António Revez.

Atualmente, os profissionais das artes, como atores, músicos, dançarinos, cenógrafos, técnicos e produtores, sobretudo os trabalhadores independentes, estão a ser "severamente 'castigados' com o encerramento forçado de todas as salas do país e o cancelamento de espetáculos", frisou.

Por isso, a Lendias d'Encantar reafetou uma verba de 15 mil euros do seu orçamento deste ano para criar a bolsa e "contribuir para atenuar as consequências negativas da situação", comprando antecipadamente espetáculos e permitindo a artistas independentes e companhias "auferirem desde já de algum rendimento".

"A intenção é minimizar os impactos financeiros [da COVID-19] junto daqueles que, vendo-se impossibilitados de trabalhar, possam, ainda assim, auferir algum rendimento com a venda antecipada dos seus projetos artísticos", explicou António Revez.

Segundo o responsável, até dia 15 de abril, os artistas independentes e as companhias do Alentejo que não são financiadas pela Direção-Geral das Artes ou apoiadas por outras entidades podem candidatar à bolsa propostas de espetáculos e coproduções nas áreas de teatro, música e dança.

As propostas devem ser enviadas para o endereço de correio eletrónico da produção da companhia (lendiasproducao@gmail.com).

Terminado o prazo de candidaturas, a Lendias d'Encantar vai selecionar os espetáculos que irá comprar e pagar na íntegra aos respetivos artistas e companhias ainda em abril.

Os espetáculos serão apresentados no futuro em locais e datas a definir, "consoante o regresso à normalidade e a disponibilidade das salas de espetáculos" do Alentejo.

O novo coronavírus responsável pela pandemia da COVID-19 já infetou cerca de 540 mil pessoas em todo o mundo, das quais morreram quase 25 mil.

Depois de surgir na China, em dezembro, o coronavírus espalhou-se por todo o mundo, o que levou a Organização Mundial da Saúde a declarar uma situação de pandemia.

Em Portugal, registaram-se 76 mortes, mais 16 do que na véspera (+26,7%), e 4268 infeções confirmadas, segundo o balanço feito hoje pela Direção-Geral da Saúde, que identificou 724 novos casos em relação a quinta-feira (+20,4%).

No Alentejo, segundo o mesmo boletim, há 30 casos de infeção confirmados e ainda não se registou qualquer morte por COVID-19.

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