Vintage Culture, Erick Morillo, Luciano, Grandmaster Flash e The Black Madonna foram alguns dos artistas que garantiram a animação na tenda dedicada à música eletrónica na Cidade do Rock do Brasil. Mas o alinhamento para a edição de Lisboa, em junho de 2018, já começou a ser pensado.
"A edição de Lisboa já está a ser preparada. O alinhamento está completamente delineado, vamos agora às cenas dos próximos capítulos. Inclusivamente já há dois artistas fechados e que ainda não podem ser divulgados", avançou Miguel Marangas, diretor artístico, ao SAPO Mag, acrescentando que o objetivo é continuar a "surpreender e fazer novas apostas".
Para o responsável do palco, "a ambição para Lisboa está de acordo com a dimensão da música eletrónica em Portugal e com o histórico de artistas que o Rock in Rio tem em Lisboa". "Vou só lembrar meia dúzia de artistas que tocaram no Rock in Rio: Calvin Harris, Jamie XX, David Guetta, Major Lazer e Deadmaus são todos artistas que se estrearam neste palco e, portanto, a ambição é desmedida - não só ao nível da estrutura como também do horário", frisou.
Mas como se escolhem os artistas para o Palco Eletrónica? "A escolha baseia-se em critérios de atualidade, inovação, consolidação e apostas - tendo sempre alguns dias onde temos alguns dos DJs mais em voga no momento. É isso que acontece este ano aqui no Rio de Janeiro", explica o diretor artístico, acrescentando que "o Rock in Rio no Rio de Janeiro realiza-se na época alta na Europa". "O que acontece aqui no Rio de Janeiro é que muitos artistas nesta altura do ano não fazem digressões na America Latina, o que implica que os artistas principais, os chamados headliners, venham em exclusivo para o evento. Então, para conseguir esses artistas é preciso um longo planeamento porque as agendas são trabalhadas à distância de um ano", desvenda.
"O primeiro olhar vem da música e do conteúdo. É muito normal visitar outros eventos ou outros festivais como fã, tirar daí as minhas conclusões, tirar a limpo e depois decido - obviamente que temos de ter sempre em conta os factores como a popularidade, investimento versus retorno", acrescenta Miguel Marangas.
Ana Pinto Ribeiro é outra das portuguesas que trabalha no Rock in Rio e que também já está envolvida na preparação do alinhamento do Palco Eletrónica. Ao SAPO Mag, a coordenadora de produção explicou que tudo começa a ser preparado seis meses antes. "Para o Rock in Rio Brasil, comecei a trabalhar com o Miguel há seis meses. Ele fechou o line-up e eu comecei a dar o seguimento à parte de contratação, à negociação dos contratos, às necessidades para a produção do palco, a decoração… acaba por ser uma gestão geral de tudo o que acontece aqui", revela.
E como se contra um artista? "O Rock in Rio faz uma oferta para os agentes - nós temos um modelo de oferta que é transversal para os palcos todos - e depois começa a negociação de cachet, de headliners, da hora a que toca, voos, se tem hotel ou não. Tudo e mais alguma coisa é negociado. Depois começa a parte do contrato e temos advogados para nos ajudar", conta Ana Pinto Ribeiro.
Depois de os contratos estarem fechados, Luís Limão tem a missão de garantir que tudo é respeitado. "Sou o produtor e, numa primeira fase, antes de o festival começar, tento garantir que toda a operação corre bem para ambas as partes. Durante o dia do festival, sou um bocado os olhos do Miguel fora do escritório dele, sou o braço direito, e tento acudir a todas as necessidades que possam existir no palco ou no backstage com os artistas", explica, acrescentando que "um produtor tem de resolver os imprevistos na hora e esse é o maior desafio".
"Já tive situações complicadas. Uma vez, no Rock in Rio Madrid, a Rihanna cancelou o espetáculo e eu e o Miguel, no intervalo dos dois fins de semana, fomos a Ibiza a uma festival. Estivemos lá 48 horas e conseguimos contratar um artista, o Carl Cox, para o Palco Mundo para substituir a Rihanna", revelou.
Ao SAPO Mag, Luís Limão explicou ainda que "não podem haver pedidos de última hora". "Recebemos as informações dos camarins antes e temos sempre tudo controlado para que nada falte", frisa, contando ainda que alguns artistas fazem pedidos mais estranhos para testar a atenção da organização: "Já aconteceu, aqui no Rio de Janeiro, o Carl Craig pedir M&Ms todos amarelos e uma revista pornográfica de anões. Olhas para aquilo e tens de pensar: ‘é ele a gozar, a dar tanga’".
Já Tiago Romão, stage manager, tem a missão de garantir que há condições técnicas para que todos os concertos se realizem sem problemas. "O stage manager é a pessoa da produção do palco que faz a ponte entre os artistas, a produção do festival, os técnicos e as necessidades técnicas que esses mesmos artistas têm para poder atuar. E a gestão varia de artista para artista, mas não tanto como num palco convencional com bandas porque muitos dos DJS acabam por usar equipamento semelhantes", explica.
"No fim de semana passado passou por aqui uma lenda, que é um dos grandes dinamizadores e criadores da cultura hip-hop, o Grandmaster Flash, um homem que já tem 40 e tal anos de estrada, e foi um artista que me marcou. Gostei muito de fazer a atuação dele, foi interessante porque usa uma mesa de mistura em que se controla o áudio e o vídeo", confessa, acrescentando que há sempre vários desafios.
"Este ano, muitos artistas voltaram a pedir pirotecnia e eu optei por cortar porque não me sinto confortável em termos de segurança, a própria cenografia do palco - as tiras com o vento estão sempre a mexer-se, a tenda é em plástico. E, portanto, achei que não havia necessidade de comprometer a segurança - cortei a pirotecnia, o que me está a causar alguns problemas com alguns tour managers porque acham que é fundamental no concerto", frisa Tiago Romão, acrescentando que "acima do artista, acima de tudo, o mais importante é a segurança e as pessoas".
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