
O conselho científico do Instituto Internacional da Língua Portuguesa (IILP) aprovou o plano de atividades para o próximo ano com uma lista de 75 ações e projetos âncora, disse hoje à Lusa o diretor executivo do organismo.
“O plano de atividades para 2026 mereceu aprovação” de todas as delegações, referiu João Neves, apontando-o como “um plano que conclui o ciclo de gestão de Portugal à frente do IILP, mas deixa bases” para os próximos anos, acrescentou, em entrevista à Lusa.
No âmbito da rotatividade entre membros da Comunidade de Países de Língua Oficial Portuguesa (CPLP), a direção executiva do IILP (órgão da CPLP com sede na Praia, Cabo Verde) deverá ser entregue a São Tomé e Príncipe no próximo ano.
Para já, entre projetos e programas, há 75 ações previstas para 2026, parte delas a decorrer já este ano.
Entre as novidades, a lista inclui um Observatório de Neologismos, para que a língua portuguesa possa ter “uma ferramenta” que registe a sua evolução, explicou.
Está também prevista “a construção de um mapa digital da língua portuguesa, que marque a sua presença no mundo com indicadores dominantes para a sua classificação no ‘ranking’ das línguas” a nível global.
Outra iniciativa do IILP prevê a edição de 10 mil livros para a Caixa de Autores, com nove escritores lusófonos dentro de cada uma, para circularem por escolas secundárias da África que fala português (incluindo Guiné Equatorial, membro da CPLP) e também Timor-Leste e Macau, juntamente com um roteiro de leitura para docentes.
“É um projeto para mitigar o desconhecimento das vozes da literatura de outros países da CPLP”, dentro da própria comunidade, indicou João Neves – que, ainda no âmbito dos livros, espera expandir o fundo bibliográfico que o IILP coloca ao dispor da sociedade e que arrancou com 150 exemplares anuais entregues pela Porto Editora.
“O plano prevê a continuidade de quatro projetos âncora do IILP e a minha preocupação não é apenas que eles perdurem”, mas que possam ser vistos como “de interesse estratégico alargado, que ganhem outro fôlego e escala”, até porque a resposta dos beneficiários “é positiva”, referiu.
São os casos do Programa de Apoio a Jovens Investigadores de Língua Portuguesa (PAJILP), para apoiar a mobilidade científica dentro da CPLP, e do Programa de Apoio a Congressos e Seminários na área da Língua Portuguesa (PARCOS), onde haja fragilidade de apoios à ciência.
João Neves destacou ainda o financiamento a escritores para realizarem residências literárias, cruzando o país de origem e de destino (promovendo a visão intercultural da língua), e o Fundo de Apoio a Pequenos Projetos, que tem surpreendido “pelo número de candidaturas” e “dispersão geográfica” – e que tem, atualmente, 12 ações em curso.
O orçamento do IILP para 2026 vai estar em debate no conselho de ministro da CPLP, dia 17 de julho, em Bissau, com uma proposta para atualização de 2% da contribuição ordinária dos países membros, que ronda, atualmente, os 309 mil euros por ano.
O acréscimo de seis mil euros permitiria, entre outras objetivos, “a atualização salarial” dos colaboradores (excluindo o próprio diretor executivo) do IILP, que “há mais de uma década” não beneficiam de qualquer acréscimo.
João Neves espera que haja “sensibilidade para conferir escala ao IILP, para que possa crescer”.
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