“Foi uma sorte que eu tive, uma espécie de bênção das musas literárias que me apareceu em janeiro de 2020. Fiquei até um bocado vaidoso e surpreendido com o convite. Estavam à procura de novas vozes e o formato teria de ser o romance. Não tenho historial nem bagagem literária nem nada, mas tinha uma ideia que se concretizou num livro, que provavelmente sairá em maio, para aproveitar aquele período do 'degelo COVID', se ele existir”, disse Fernando Ribeiro à Lusa, numa entrevista sobre o novo álbum de Moonspell, que acabou por ser também sobre este projeto individual.

Com uma bibliografia até aqui centrada na poesia, com passagem pelo conto, Fernando Ribeiro está agora a terminar o seu primeiro romance, passado num subúrbio que rápido se torna percetível ser a Brandoa, na Amadora, onde o músico e escritor, de 46 anos, cresceu.

“Há uma espécie de realismo mágico, por assim dizer, que não tem muito a ver com o do Gabriel García Márquez. […] O protagonista chama-se Rogério Paulo, que foi um ator dos anos 1970 de quem a minha mãe gostava muito”, contou o autor do livro.

A narrativa acompanha o crescimento do protagonista perante a implantação "de um bairro rico que vai invadir e tentar aniquilar os costumes do bairro pobre, que, mesmo na sua tristeza, dor, melancolia, era o bairro em que as pessoas se uniam”.

“Depois há várias situações, há uma missa negra, com um DJ de heavy metal, num prédio dos ricos, em que o Rogério Paulo tem uma atitude de destaque. Há uma maratona de dança em que ganha um toxicodependente, que é uma história verídica na Brandoa, aquilo chegou a ser um sitio onde havia de tudo”, explicou Fernando Ribeiro, que admitiu ter já ideias para novos projetos literários.

O autor de “Como Escavar um Abismo” afirmou: “Várias vezes aponto ideias para romances e gostava de ter tempo de os escrever. No registo de sonho, entrevejo aqui uma diminuição do caudal de Moonspell, que está a acontecer mesmo sem a gente querer, e se calhar [há] aqui uma alternativa que me possa também trazer algum futuro. Mas sei bem que é ‘wishful thinking’. Por enquanto, vou acabar o ‘Bairro Sem Saída’ e talvez me lance noutra escrita”.

Pelo meio, Fernando Ribeiro tem ainda um novo trabalho poético, intitulado “Sermão às Vespas”, e o que chama o seu “livro de ‘haikus’”, escrito em inglês, aos quais ainda não sabe que destino dar.

Do lado da música, o novo disco de Moonspell, intitulado "Hermitage", vai ser lançado no dia 26 de fevereiro.

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