O Irão acusou duas atrizes conhecidas por partilharem fotografias suas onde violam o código de vestuário feminino do país, apenas algumas semanas depois de anunciar medidas rígidas contra essas violações, informou a imprensa local.

A polícia de Teerão encaminhou o caso contra Katayoun Riahi e Pantea Bahram para o poder judiciário do Irão, acusando-as do "crime de remover o hijab em público e partilhar fotografias na Internet", disse a agência de notícias Tasnim na segunda-feira.

Se processadas, as atrizes podem enfrentar multas ou penas de prisão.

No início do mês, a polícia anunciou que começaria a usar tecnologia "inteligente" em locais públicos para reprimir as mulheres que desafiam o código de vestuário obrigatório do Irão.

Na semana passada, fotografias de Bahram, de 53 anos, tornaram-se virais depois que posar sem véu durante a exibição de um filme, enquanto Riahi, de 61, partilhou várias fotografias tiradas em locais públicos em Teerão em que não usava véu.

Katayoun Riahi
Katayoun Riahi créditos: AFP

A exigência de que as mulheres usem o véu em público foi imposta logo após a revolução islâmica de 1979.

O número de mulheres no Irão que desafiam o código de vestuário aumentou desde que uma onda de protestos provocou a morte sob custódia da curda-iraniana Mahsa Amini, de 22 anos, em 16 de setembro de 2022, por alegadamente violar esse código.

A 16 de abril, as autoridades disseram ter fechado 150 estabelecimentos comerciais cujos funcionários não cumpriam o código de vestuário.

Bahram e Riahi ganharam vários prémios no Festival Internacional de Cinema Fajr, o principal evento cinematográfico do Irão.

Em novembro, Riahi foi libertada sob fiança após mais de uma semana de detenção por partilhar fotografias no Instagram em solidariedade com os protestos de Amini, nas quais apareceu sem o lenço na cabeça.

Riahi foi a primeira atriz iraniana a partilhar essas imagens nas redes sociais em apoio ao movimento de protesto.