"Great Moments. Eduardo Batarda nos Anos Setenta" é o título da exposição do artista nascido em Coimbra, em 1943, que conta com curadoria de João Mourão e Luís Silva, organizada em parceria com a Fundação Carmona e Costa, segundo informação divulgada na página 'online' do museu.
Considerado pela crítica um artista incontornável do processo de crítica e renovação da prática artística contemporânea em Portugal, a partir dos anos sessenta do século XX, nesta mostra, Batarda apresenta o trabalho realizado quase exclusivamente em aguarela e tinta-da-china sobre papel durante a década de setenta.
O título da exposição, claramente irónico, é uma referência a "Great Moments in Self-Expression", um trabalho de 1973, representando esta fase da obra do artista, que recorreu a técnicas e materiais considerados menores, como a aguarela, "e a estruturas formais e narrativas alheias ao discurso artístico vigente, como aquelas provenientes do universo da banda desenhada", segundo um texto sobre a exposição.
"O Portugal da época, a sua moral e costumes bafientos, a exaustão do regime [ditatorial] e a guerra colonial, e até mesmo o ceticismo relativo à promessa democrática são tópicos soberbamente expostos através de espirais narrativas de uma minúcia avassaladora, onde o percurso por vezes metafórico, por outras literal, é sinuoso e caleidoscópico, imersivo e hiperbólico, barroco, surreal e pós-moderno ao mesmo tempo", descreve ainda o texto.
No mesmo dia, o museu inaugura uma outra exposição, de Ana Vidigal, intitulada "Arpad e as cinco", que dá continuidade à pesquisa estética que a artista tem vindo a realizar sobre algumas problemáticas, nomeadamente, sobre os conceitos de doméstico, intimidade, privacidade, público e exterioridade.
Recorrendo ao nome do patrono do museu - o artista Arpad Szenes - as cinco obras apresentadas "refletem, com ironia", sobre o papel de artistas mulheres que foram profissionalmente mais bem sucedidas que os seus parceiros masculinos: Maria Helena Vieira da Silva, Ana Vieira, Paula Rego e Lourdes Castro.
Ao prestar homenagem a estas artistas, Ana Vidigal - artista nascida em Lisboa, em 1960 - "reformula sarcasticamente a conhecida e redutora expressão 'por trás de um grande homem está sempre uma grande mulher'".
Apesar de as cinco obras apresentadas na exposição seguirem o método de trabalho que Ana Vidigal tem desenvolvido em torno da colagem e da pintura sobre recortes de revistas, e outras imagens que coleciona e arquiva, a narrativa intrínseca de cada pintura corresponde ao universo imaginário da artista homenageada a que a obra faz referência.
Assim, por exemplo, a obra "Acabou o glamour", sobre Vieira da Silva, é uma apropriação de um conhecido cartaz que a pintora realizou sobre o 25 de Abril de 1974.
Paralelamente, e no âmbito da atividade do Atelier de Vieira da Silva, que tem vindo a convidar artistas, será a vez de Pedro Portugal apresentar a sintetização, na linguagem 'Emoji' das figuras de Maria Helena Vieira da Silva e Arpad Szenes, em conjunto com um enorme 'pouf' com a pixelização manual de uma obra de Vieira da Silva.
Pedro Portugal, nascido em 1963, é especialista em informação visual, pintor, escultor, ensaísta, consultor e pedagogo, e co-fundador dos movimentos artísticos Homeostética (1983), Ases da Paleta (1989), Etno-Estética (1993), Explicadismo (2007), Pandemos (2013), Zuturismo (2017), Arthomem (2018) e KWØ (2020).
As três exposições vão estar patentes no Museu Vieira da Silva até 17 de janeiro de 2021.
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