Catarina Gomes é a candidata da embaixada dos EUA em Lisboa selecionada para a Residência de Outono do International Writing Program (IWP) 2024, que decorre entre 1 de setembro e 17 de novembro, anunciou a missão diplomática.

Os escritores selecionados vão estar durante dois meses e meio na Universidade do Iowa a trabalhar nos seus projetos, a dar palestras e a interagir com o público americano e comunidades literárias.

Catarina Gomes é a terceira portuguesa a participar nesta residência, que existe desde 1967, depois de Almeida Faria, em 1969, e Patrícia Portela, em 2013.

“Esta Residência de Outono traz autores de relevo de todo o mundo para a Universidade de Iowa, com o objetivo de proporcionar um ambiente favorável ao intercâmbio cultural e também tempo e espaço para escreverem, lerem, traduzirem, estudarem e tornarem-se parte da vibrante comunidade académica e literária da Universidade do Iowa”, afirma a embaixada, em comunicado.

Desde que foi fundado em 1967, este programa já acolheu mais de 1.400 escritores de mais de 130 países, entre os quais nomes como John Banville (Irlanda), Bei Dao (China) Bessie Head (Botswana), Etgar Keret (Israel), Earl Lovelace (Trinidad), Arnost Lustig (Chéquia), Orhan Pamuk (Turquia), Edwin Thumboo (Singapura), Luisa Valenzuela (Argentina) ou Mo Yan (China).

Para Catarina Gomes, ser escolhida como uma das escritoras que participarão no International Writing Program “era um sonho antigo” que ainda lhe “parece incrível”.

“Antevejo que os quase três meses que vou passar na companhia de mais 35 escritores, de contextos culturais tão diferentes do meu e de géneros literários tão diversos (como a poesia, o teatro, ou a literatura infantil), vão ter um profundo impacto na minha escrita em geral e, em particular, na escrita do meu próximo livro, com o qual me candidatei a esta residência”, afirmou.

A autora portuguesa confessa-se honrada por estar integrada num programa coordenado pela Universidade do Iowa, “instituição onde se encontra o mais importante centro de ensino de escrita criativa dos Estados Unidos”.

Catarina Gomes publicou o seu primeiro livro em 2014, “Pai, Tiveste Medo”, sobre a experiência da guerra colonial, mas foi a partir de 2017 que iniciou o seu percurso de sucesso enquanto escritora, tendo deixado uma carreira de quase 20 anos como jornalista.

Em 2018, publicou “Furriel não é Nome de Pai”, livro sobre os filhos que os militares portugueses deixaram na Guerra Colonial, e dois anos depois lançou “Coisas de Loucos - O que eles deixaram no Manicómio”, que teve origem na descoberta acidental de uma caixa de cartão cheia de objetos de antigos doentes no primeiro hospital psiquiátrico português, Miguel Bombarda.

Os artigos que inspiraram “Coisas de Loucos” valeram-lhe o Prémio de Jornalismo da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental. Os seus três livros na área de não-ficção foram também recomendados para inclusão no Plano Nacional de Leitura do governo português para os currículos das escolas públicas.

Em 2021, venceu o Prémio Revelação Agustina Bessa-Luís pelo romance “Terrinhas”, uma obra que coloca o mundo rural e o mundo urbano em confronto, a partir do ponto de vista de uma mulher tipicamente citadina.

Catarina Gomes nasceu em Lisboa, em 1975, foi jornalista no jornal Público, tendo recebido o Prémio Gazeta (multimédia) e o Prémio Internacional de Jornalismo Rei de Espanha em 2016, pela reportagem "Quem é o filho que António deixou na Guerra", publicada em 2015.

Segundo a Embaixada dos EUA em Lisboa, Catarina Gomes já tinha participado, enquanto jornalista, num programa de intercâmbio do Departamento de Estado dos EUA em 2008 na área de U.S. Government and Society.