“O júri, por unanimidade, decidiu que o Prémio Eduardo Lourenço em 2023 será atribuído à escritora Lídia Jorge”, revelou o presidente da Câmara Municipal da Guarda, Sérgio Costa, e elemento da direção do CEI.

O autarca realçou que se dá assim “uma dimensão maior ao Prémio Eduardo Lourenço, que já não só da Ibéria, mas também da Ibero-americana, tendo em conta a sua presença naquelas latitudes”.

O vice-reitor da Universidade de Coimbra, Delfim Leão, sublinhou que, tendo em conta que “o Prémio Eduardo Lourenço tem sido maioritariamente até agora masculino, não deixa de ser interessante o galardão atribuído a Lídia Jorge. Vem reforçar a presença feminina no leque de premiados, ela que é precisamente um dos arautos por excelência dessa visibilidade das vozes femininas através da sua obra”.

O vice-reitor da Universidade de Salamanca, José Mateos Roco, destacou que “foi uma decisão muito pensada, muito ponderada, foram valorizados todos os pontos de vista, mas a figura da premiada foi a que mais reunia condições para este ano ser vencedora, sobretudo nessa nova dimensão que se pretende do prémio”.

Destinado a galardoar personalidades ou instituições com intervenção relevante no âmbito da cultura, cidadania e cooperação ibéricas, o Prémio Eduardo Lourenço 2023, no montante de 7.500 euros, foi atribuído por um júri constituído pelos membros da direção do Centro de Estudos Ibéricos (presidente da Câmara Municipal da Guarda, reitor da Universidade de Coimbra e reitor da Universidade de Salamanca), membros das comissões Científica e Executiva do CEI e pelas seguintes personalidades convidadas: Maria de Lurdes Fernandes e José Augusto Cardoso Bernardes, indicadas pela Universidade de Coimbra, e María Ramona Domínguez Sanjurjo e Francisco Gómez Bueno, indicadas pela Universidade de Salamanca.

Lídia Jorge estreou-se com a publicação de “O Dia dos Prodígios”, em 1980. Desde então tem publicado romance, conto, ensaio, teatro, crónica e poesia. As suas narrativas foram adaptadas ao teatro, à televisão e ao cinema.

De entre os seus livros destacam-se títulos como “A Costa dos Murmúrios”, “O Vale da Paixão”, “O Vento Assobiando nas Gruas”, “Os Memoráveis”, “Estuário”.

Amplamente traduzida e publicada no estrangeiro, Lídia Jorge já foi distinguida diversas vezes, nomeadamente com o Prémio Correntes d’Escritas, em 2004, Prémio Albatros, da Fundação Günter Grass, em 2006, o Prémio Vergílio Ferreira, da Universidade de Évora, em 2015, e o Prémio FIL de Literatura em Línguas Românicas, da Feira do Livro de Guadalajara, no México, em 2020.

Este ano, Lídia Jorge venceu de novo o Grande Prémio de Romance e Novela da Associação Portuguesa de Escritores com “Misericórdia”, obra com que é candidata aos prémios Medicis e Femina 2023 de melhor romance estrangeiro publicado em França.

“Misericórdia” venceu em agosto o Prémio para Melhor Livro Lusófono publicado em França, atribuído pela redação da revista literária Transfuge,

Em 2019, a escritora foi finalista do Prémio Médicis com o romance "Estuário".

Em abril passado, Lídia Jorge foi distinguida com o Prémio Vida Literária da APE, depois de, em 2022, ter vencido o Grande Prémio de Crónica e Dispersos Literários da APE com "Em Todos os Sentidos". Em 2002, "O Vento Assobiando nas Gruas" deu-lhe o Grande Grande Prémio de Romance e Novela da APE.

O prémio com o nome do ensaísta Eduardo Lourenço, mentor e diretor honorífico do CEI, que morreu em Lisboa, no dia 01 de dezembro de 2020, aos 97 anos, já distinguiu várias personalidades, de origem ibérica e ibero-americana, cujas carreiras se distinguiram em diversos campos das artes, letras e ciências.

Já receberam o prémio Maria Helena da Rocha Pereira, professora catedrática de Cultura Greco-Latina (2004), Agustín Remesal, jornalista (2006), Maria João Pires, pianista (2007), Ángel Campos Pámpano, poeta (2008), Jorge Figueiredo Dias, professor catedrático de Direito Penal (2009), César António Molina, escritor (2010), Mia Couto, escritor moçambicano (2011), José María Martín Patino, teólogo (2012), Jerónimo Pizarro, professor e investigador da Universidade dos Andes, na Colômbia (2013), Antonio Sáez Delgado, professor e investigador (2014), Agustina Bessa-Luís, escritora (2015), Luis Sepúlveda, escritor chileno (2016), Fernando Paulouro das Neves, escritor e jornalista (2017), Basilio Lousada Castro, escritor (2018), Carlos Reis, professor e investigador (2019), Ángel Marcos de Dios, catedrático jubilado da Universidade de Salamanca (2020), Fundação José Saramago (2021) e o geógrafo Valentín Cabero Diéguez, também catedrático jubilado da Universidade de Salamanca (2022).