“'Trans*Performatividade' acaba por ser um projeto que pretende dialogar com as pessoas. É criado por pessoas trans, tanto na direção artística como intérpretes e restantes elementos, mas que está aberto a todos os géneros, e convida tanto famílias como pessoas do setor artístico a irem ver a peça, que é sobretudo em torno do movimento”, resume à Lusa a diretora artística e intérprete, Aura.
Além de Aura, estarão em palco Eríc Santos, Iara António, Mia Brandão e Tiago Aires Lêdo, numa criação entre instalação e performance em que o espaço cénico é habitado por criadores e espectadores.
“Teremos alguns plintos colocados pelo espaço, onde o público pode interagir, sentar-se, durante a hora de espetáculo. Quando o público entra na sala, já está a acontecer, os ‘performers’ já estão a criar ações, primeiro mais individuais, em torno da sua experiência enquanto pessoa trans e processo de transição”, conta.
Mais tarde, juntam-se em criações de duos e trios até criarem “imagens escultóricas em conjunto, algumas em referência a obras de arte”, envolvendo o público em “algo dentro do imersivo e do movimento lento”.
No fundo, explica a diretora artística, poderão “assistir a um espetáculo comunitário, em que de certa forma se acabam por emancipar, tanto como pessoas como artistas”.
De resto, é mais do que uma performance, explica Aura, por incluir “pesquisa artística, entrevistas, trabalho comunitário, conversas com o público e um processo mais longo de criação”, com a presença de pessoas do meio, e não só, durante os ensaios e outros momentos.
“Uma das questões foi passarmos o foco de um campo às vezes mais negativo, e conseguirmos pensar mais de forma positiva sobre o futuro, de imaginarmos o presente a partir deste trabalho. Pensarmos em criar um espaço seguro que possamos habitar em conjunto com o público”, afirma.
Depois do Porto, pelas 19h30 de sexta-feira e 17h00 de sábado, com conversa posterior com o público, o espetáculo estará no Temps D’Images, em Lisboa, a 2 e 3 de novembro, e em fevereiro do próximo ano em Guimarães, distrito de Braga, com internacionalização prevista para 2024 e 2025.
Aí, Aura trabalhará com novos intérpretes, selecionados localmente, com contactos no Reino Unido, Islândia, Países Baixos e Suíça.
Nascida em 1997, Aura é artista transdisciplinar e já se apresentou em festivais e bienais de arte, refletindo a licenciatura em Artes Plásticas e Intermédia e o mestrado em Performance, na londrina Goldsmiths.
“Trans*Performatividade” é uma coprodução do Instável – Centro Coreográfico, do Teatro Municipal do Porto, da Câmara de Setúbal, de A Gráfica e do festival Temps d’Images.
A apresentação no Porto insere-se no ciclo "Palcos Instáveis", em que também será exibida, pelas 21h00 de sexta-feira e 18h30 de sábado, “Desencontro”, de Isabela Tescarollo e Uatumã Fattori de Azevedo.
“Evoca a discordância e os caminhos onde me perdi. Uma relação entre tempo e espaço e um abismo entre a minha mão direita e a esquerda”, pode ler-se na sinopse da criação brasileira.
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