O programa, que vai passar pelas bibliotecas municipais Palácio Galveias, Hemeroteca e Camões durante os meses de novembro e dezembro, arranca hoje, às 18:00, com a inauguração – no Palácio Galveias - de uma exposição de fotografias de Eduardo Gageiro e com a apresentação do programa, uma iniciativa que contará com a presença da vereadora da Cultura, Catarina Vaz Pinto.

As fotografias revelam a cumplicidade que ao longo de mais de quatro décadas uniu o escritor e o fotógrafo, que, apesar de não terem trabalhado juntos com frequência, nutriam uma admiração mútua e criaram uma relação de confiança que levou Eduardo Gageiro a fazer retratos utilizados por Cardoso Pires na divulgação dos seus livros, e que são agora mostrados ao público, segundo um comunicado da Câmara Municipal de Lisboa.

Eduardo Gageiro vai estar presente na inauguração da exposição, para a qual foram privilegiados retratos menos conhecidos do escritor e que testemunham mais de quatro décadas de cumplicidades.

Outros destaques são os filmes dedicados ao escritor e à sua obra, e que serão exibidos no Palácio Galveias, o primeiro dos quais no dia 15 de novembro: “Fotogramas Soltos das Lisboas de Cardoso Pires”, um filme produzido em 2008 pela Videoteca Municipal de Lisboa, a partir de “Lisboa, Livro de Bordo”, de José Cardoso Pires.

E este é precisamente o livro que a Relógio d’Água – que está a reeditar a obra do autor - lança no dia 26 de novembro, também no Palácio Galveias, numa nova edição, com fotografia de José Carlos Nascimento, que contará com leitura de excertos por atores convidados.

Francisco Vale, editor da Relógio d’Água, adiantou à Lusa que o próximo livro de José Cardoso Pires previsto sair é o romance “O Hóspede de Job”, vencedor do Prémio Camilo Castelo Branco, que deverá ser publicado em fevereiro de 2019, não havendo ainda calendarização para os próximos lançamentos.

Em destaque na programação estará também a exibição, no dia 03 de dezembro, no Palácio Galveias, da curta-metragem “Os Caminheiros”, adaptação feita em 2006 por João Guerra do conto que dá título ao primeiro livro de José Cardoso Pires (1943).

Após a exibição do filme, o realizador e o elenco reúnem-se para uma conversa informal, em que o escritor João de Melo fala sobre a herança de José Cardoso Pires, como contista, para a literatura portuguesa.

No que respeita ainda a conversas, estão previstos “Testemunhos vivos”, no dia 17 de novembro, uma conversa informal, em que personalidades de várias áreas, presencialmente ou através de testemunhos gravados, vão partilhar memórias da convivência com José Cardoso Pires, uma iniciativa com as intervenções de Alice Vieira e Rogério Rodrigues.

Dois dias depois, ainda na Biblioteca Palácio Galveias, decorre uma conversa subordinada ao tema “O teatro de José Cardoso Pires: O render dos heróis”, que reúne parte do elenco original da encenação de 1965 (de Fernando Gusmão para o Teatro Moderno) – Ruy de Carvalho, Rui Mendes e Luís Alberto -, para uma conversa documentada com materiais da época.

No dia 22 de novembro, a hemeroteca, a partir da sua coleção de jornais, revisita a polémica em torno de um livro que não era para ser: “Dinossauro excelentíssimo”.

Esta apresentação será acompanhada da mostra de todas as edições deste título, nacionais e estrangeiras, abordando o livro no contexto da escrita com Censura no Portugal de Salazar.

Na mesma sessão, será inaugurada uma mostra bibliográfica das primeiras edições dos livros do autor.

Outra novidade é a apresentação da revista Almanaque em formato digital, no dia 29 de novembro, na Biblioteca Camões.

Deste modo, aquele que foi um dos mais inovadores projetos editoriais da sua época (publicada entre 1959 e 1961), concebido por José Cardoso Pires, exponenciado pelo trabalho gráfico de Sebastião Rodrigues, e com textos de nomes como Alexandre O'Neill, Luís de Sttau Monteiro, Augusto Abelaira, José Cutileiro, João Abel Manta e Baptista Bastos, passa a estar acessível a todos na hemeroteca digital.

No dia 10 de dezembro, a editora Guerra e Paz lança, na Biblioteca Palácio Galveias, “José Cardoso Pires e o leitor desassossegado”, de Marco Noves, um ensaio que procura desmontar as estratégias e jogos literários da obra de José Cardoso Pires.

Este será também um pretexto para falar da arte de uma das maiores vozes do romance do século XX português.

O programa inclui ainda itinerários literários no bairro de Alvalade, onde o escritor viveu durante um período importante da sua vida, em visitas guiadas que evocam o autor e a sua obra, e que estão marcadas para os dias 09, 17, 20, 23 e 30 de novembro.

José Cardoso Pires nasceu em outubro de 1925, em Vila de Rei, São João do Peso, mas mudou-se muito cedo para Lisboa, tendo vivido dois terços da vida sob o regime policial do Estado Novo e o último na democracia pós-25 de Abril.

Estudou sem grande empenho no Liceu Camões e na Faculdade de Ciências, que abandonou antes de terminar a licenciatura em Matemática, quando percebeu que queria ser escritor.

O seu primeiro livro foi uma edição de autor, que saiu quando tinha 24 anos.

Como a atividade de escritor não era oficialmente reconhecida, os seus documentos davam-no como não tendo profissão, qual indigente.

Na verdade, a espaçada publicação, resultado do trabalho de maturação de cada obra, implicava complementar essa sua atividade principal com colaborações esporádicas em editoras, jornais e em publicidade.

José Cardoso Pires morreu em outubro de 1998, na sequência de uma asfixia sofrida no dia em que comemorava 44 anos de casado.

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