"Matéria Luminal" é o título desta exposição coletiva que estava prevista para julho de 2020, sobre temáticas relacionadas com a luz, mas acabou por ser adiada devido às restrições impostas pela pandemia de COVID-19 no ano passado, abrindo agora a 'rentrée' do museu.

A mostra tem curadoria de Sérgio Mah, que concebeu um percurso pelas práticas artísticas em Portugal, desde meados de 1960 até à atualidade, selecionado 40 artistas que exploram um conjunto diversificado de suportes: pintura, desenho, escultura, instalação, fotografia e vídeo.

"É um tema que sempre me interessou explorar por ser consubstancial à História da arte e à prática artística em geral, mas pareceu-me que seria muito interessante de revisitar, e fazer um percurso sobre um conjunto de artistas nacionais importantes que traçaram um novo rumo, em Portugal, a partir de meados dos anos 1960", explicitou o curador, contactado pela agência Lusa.

Mah, que tinha sido convidado há anos pelo Museu Coleção Berardo a apresentar um projeto, aproveitou esta oportunidade para mostrar "artistas que são figuras centrais da arte portuguesa das últimas décadas, que trabalharam a luz como um tema ou como um meio, com a utilização de tecnologia da imagem".

O curador deu como exemplos os artistas Lourdes Castro e Noronha da Costa, que procuraram novos caminhos para a prática artística “e uma das formas para descobrirem estes caminhos foi exatamente usar a luz de novas formas”, um tema que continua a inspirar a arte contemporânea.

Sobre as peças inéditas presentes na mostra, Sérgio Mah desafiou alguns artistas a criarem novas obras, como Francisco Tropa, Miguel Palma e João Maria Gusmão.

"A arte também foi inventada para reproduzir o fascínio que as pessoas sentem em relação as coisas do mundo, e uma delas é a relação com a luz. Temos um fascínio pelo nascer do dia, o por do sol, a luz da lua. Há uma dimensão encantatória que é recorrente na maneira como lidamos com a luz e as fontes de luz", sublinhou.

É este "cruzamento de sentidos" que os visitantes vão poder descobrir em "Matéria Luminal" até 9 de janeiro de 2022.

O público poderá encontrar, nesta mostra coletiva, figuras centrais da arte contemporânea em Portugal, como Alexandre Estrela, Pedro Cabrita Reis, Ana Jotta, Eduardo Nery, Ângelo de Sousa, Diogo Evangelista, Fernando Brito, Gilberto Reis, Helena Almeida, João Maria Gusmão e Pedro Paiva, Fernando Calhau, João Paulo Feliciano e Jorge Martins.

Francisco Tropa, Jorge Molder, Julião Sarmento, Leonor Antunes, Lourdes Castro, Luís Noronha da Costa, Luísa Correia Pereira, Manuel Rosa, Miguel Palma, Jorge Pinheiro, José Luís Neto, Miguel Soares, Paulo Nozolino, Pedro Morais, René Bertholo, Rui Chafes, Sérgio Taborda, Silvestre Pestana, Vasco Lucena e Rui Toscano são outros dos artistas representados na exposição.

Questionado sobre a origem da seleção, o curador apontou que é variada e vai muito além da Coleção Berardo, com proveniências da Fundação de Serralves, da Fundação Calouste Gulbenkian, entre outras, incluindo coleções privadas.

A obra mais antiga nesta exposição é de 1965, "Sombra projetada de Ana Castro — contorno azul", de Lourdes Castro, "obra paradigmática de uma época fértil em reformulações culturais na qual progride um vasto horizonte de miscigenações e hibridismos que irão contaminar as práticas artísticas", destacou Mah.

A exposição inclui um número de obras que recorrem a um largo leque de materiais e aparelhos de iluminação, como lâmpadas de incandescência, fluorescentes ou LED, caixas de luz, velas, candeeiros e projetores de luz.

O sol e o fogo, a claridade, o céu e os corpos celestes, mas também a noite, a escuridão, o negro e a sombra, são nesta exposição abundantemente representados e evocados.

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