A 34.ª edição dos Festivais Gil Vicente, hoje apresentada, abre pelas 21h30 de 2 de junho com a estreia da peça “Tratado, a Constituição Universal”, da autoria de Diogo Freitas, no Centro Cultural Vila Flor (CCVF), que recebe, no dia seguinte, a peça “Massa Mãe”, de Sara Inês Gigante, outra estreia.

Em declarações à agência Lusa, o diretor artístico dos Festivais Gil Vicente, Rui Torrinha, explicou que “O Tratado, a Constituição Universal” faz parte de “uma trilogia sobre a democracia e é uma visão ousada da configuração social”, em que, a cada cinco anos, as pessoas votam num regime diferente.

Já a peça “Massa Mãe” é, segundo Rui Torrinha, “uma coprodução em estreia absoluta”, onde Sara Inês Gigante, natural de Viana do Castelo, com carreira em Lisboa, questiona a “pertinência das tradições e a base da identidade”.

A primeira semana dos Festivais Gil Vicente encerra na noite de 4 de junho com “Limbo”, de Victor de Oliveira, encenador moçambicano radicado em França, que, nesta peça, aborda questões e preconceitos raciais e o colonialismo, tentando perceber “que lugar ocupam, atualmente, os afrodescendentes nas antigas potências colonizadoras europeias”.

Na noite de quinta-feira, 9 de junho, “Desprezo”, dos Auéééu, “uma jovem Companhia de Teatro de Lisboa”, abre a segunda semana do festival, propondo pensar sobre o desprezo e a forma como é que a sociedade lida, resolve e se relaciona com “questões desagradáveis”.

Na noite do dia seguinte sobe ao palco do CCVF a peça “Another Rose”, de Sofia Santos Silva, espetáculo “delicado e conflituoso sobre um grupo organizado de mulheres na Índia”, que aborda temas como a emancipação, a violência e o papel da mulher na sociedade, sob um olhar ocidental.

O espetáculo “Ainda Marianas”, de Catarina Rôlo Salgueiro e Leonor Buescu, que tem como ponto de partida as “Novas Cartas Portuguesas”, encerra os Festivais de Gil Vicente, na noite de 11 de junho.

No ano em que se comemoram os 50 anos da publicação do livro, as encenadoras levam ao palco do CCVF um espetáculo “que pretende convocar uma discussão em torno da memória coletiva, de um país, das suas gentes, e do seu tempo”.

“É uma edição completamente centrada nas novas vozes, na nova geração do teatro, que interroga as atuais mudanças sociais, a organização social e que levanta questões fraturantes, de escrutínio, de análise e de debate. A democracia ameaçada, o colonialismo, o papel da mulher na sociedade”, explicou Rui Torrinha.

Além dos espetáculos, entre 6 e 12 de junho, em parceria com a cooperativa cultural A Oficina, vai decorrer uma oficina de teatro com a presença da atriz Beatriz Batarda.