O festival conta apenas com três estruturas estrangeiras, para 14 portuguesas, com outras tantas produções, três delas em estreia, três criações adiadas durante o período de confinamento, como disse à agência Lusa o diretor artístico da Companhia de Teatro de Almada (CTA), Rodrigo Francisco, que organiza o festival.

“Bruscamente no Verão Passado”, de Tennessee Williams, texto dos anos de 1950, sobre a repressão da homossexualidade, pelo Teatro Experimental de Cascais (TEC), de Carlos Avilez; “As Artimanhas de Sapin”, comédia de Molière, pelo Teatro da Comuna, com encenação de João Mota; e “Instruções para Abolir o Natal”, de Michael Mackenzie, sobre efeitos da crise financeira de 2008, pela ACTA - A Companhia de Teatro do Algarve, são as três estreias anunciadas.

Artistas Unidos, Barba Azul, Teatro do Bairro, os teatros nacionais D. Maria II e S. João, o Teatrão, de Coimbra, A Turma, do Porto, e projetos como o do ator e encenador André Murraças e da atriz Luísa Cruz, com o cineasta João Botelho, são outras propostas portuguesas, que retomam projetos recentes.

É o caso de "Turismo", peça de Tiago Correia, sobre fenómenos de gentrificação, especulação imobiliária e despejos, com base numa investigação feita em diferentes centros urbanos.

Estreada por A Turma, no Teatro do Campo Alegre, no Porto, no final de janeiro, esta peça esteve na origem da polémica que levou à demissão de Regina Guimarães do Conselho Municipal de Cultura da cidade: a escritora acusara de censura a direção do Teatro Municipal, por ter impedido a distribuição da folha de sala, com um texto seu (facto que a direção do teatro veio a assumir como "erro", mas sem a intenção censória).

Os Artistas Unidos levam "Uma Solidão Demasiado Ruidosa", sobre a novela do escritor checo Bohumil Hrabal, adaptada e interpretada por António Simão; e a companhia Barba Azul apresentará "Turma de 95", de Raquel Castro, um "retrato sociológico desassombrado", de Portugal, nos anos de 1990, numa coprodução com o Teatro do Bairro Alto, de Lisboa, o Espaço do Tempo, de Montemor-o-Novo, o Centro de Artes de Ovar e o Teatro das Figuras, de Faro.

O Teatro do Bairro regressa a "O Mundo é Redondo", de Gertrude Stein, numa encenação de António Pires; e o Teatrão, com “A Grande Emissão do Mundo Português”, expõe a propaganda, a censura e a instrumentalização dos meios de comunicação, que iludiram os crimes da ditadura portuguesa, até ao 25 de Abril de 1974.

Em Almada será retomada a encenação de João Botelho para "A Criada Zerlina", de Hernmann Broch, que Luísa Cruz interpretou, na temporada passada, no Centro Cultural de Belém (CCB), em Lisboa, num cenário do escultor Pedro Cabrita Reis.

O ator e encenador André Murraças repõe em palco "O Criado", de Robin Maugham, sobre a artificialidade dos papéis sociais, peça conhecida pela versão para cinema do dramaturgo Harold Pinter e do realizador Joseph Losey.

O Teatro D. Maria muda-se para Almada com “By Heart”, do seu diretor artístico, Tiago Rodrigues, que desafia dez espetadores a aprenderem um poema de cor ('by heart'). A peça tem proximidade à obra do ensaísta George Steiner (1929-2020), para expor a importância da palavra na transmissão da memória do mundo.

O Nacional São João apresenta “Castro”, sobre o clássico do século XVI, do poeta António Ferreira, encenada pelo diretor artístico, Nuno Cardoso.

A CTA, além da estreia, repõe “A Viagem de Inverno”, da Nobel da Literatura Elfriede Jelinek, dirigida por Nuno Carinhas.

Do estrangeiro vêm os espanhóis La Tristura, de Madrid, e a dupla Agnès Mateus e Quim Tarrida, além do ator italiano Mario Pirovano.

La Tristura oferece "Future Lovers", encontro de seis 'millenials', num texto de Celso Giménez, e a dupla catalã Mateus e Tarrida aborda a violência doméstica em “Rebota, rebota y en tu cara explota”.

Pirovano fará o monólogo “Johan Padan à Descoberta das Américas”, do dramaturgo Dario Fo, Nobel da Literatura de 1997, antiepopeia cómica sobre um perseguido pela inquisição, que foge numa nau de Colombo.

Ao todo serão 17 espetáculos, em 90 sessões repartidas por cinco palcos de Almada (Teatro Municipal Joaquim Benite, Fórum Municipal Romeu Correia, Incrível Almadense, Academia Almadense e Teatro-Estúdio António Assunção) e um em Lisboa (CCB). Desta vez, sem a Escola D. António da Costa, nem outros palcos na capital.

As questões sanitárias também impuseram um calendário mais alargado, que agora se estende por quase todo o mês de julho, com o dobro do número habitual de sessões.

A programação completa está disponível em www.festival.ctalmada.pt.

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