“O festival tem uma marca d'água que é a acessibilidade e da inclusão. São, no total, 11 representações, todas com legendagem em inglês, com tradução, em simultâneo, em língua gestual, em português, com reconhecimento de palco para cegos e três espetáculos com audiodescrição também para cegos. Todos os espetáculos são seguidos de uma conversa entre o público e os artistas”, disse hoje o diretor artístico do Teatro do Noroeste – Centro Dramático de Viana, Ricardo Simões.

Em declarações à agência Lusa, Ricardo Simões adiantou que a sexta edição do festival vai realizar, “pela primeira vez, sessões para as escolas” e que “outra das novidades” é apresentar sessões “em mais horários”, a pensar no público que utiliza transportes públicos.

“Vamos ter espetáculos às 10h00, às 11h00. Vamos ter algumas sessões às 16h00, às 18h00, às 19h00 e às 21h00. Ou seja, apesar de ser uma agenda mais concisa de espetáculos, há uma maior variedade na oferta de horários, também a pensar na oferta de transportes públicos. Estamos a trabalhar também para o público do concelho e não só, de outros concelhos limítrofes e que dependem dos transportes públicos. Raramente, na programação cultural, se pensa nesse tipo de público porque se assume que toda a gente anda de automóvel. Não é assim. Não se pode só programar para quem anda de automóvel porque estamos a ser injustos com muitas pessoas que não têm esse privilégio ou, que, e bem, optam por andar de transportes públicos”, sustentou.

Ricardo Simões adiantou que a edição 2022 do festival, além de ser “mais inclusiva” que as anteriores, aposta ainda “em oito propostas para todos os públicos”, adiantando haver já “uma grande adesão na venda de bilhetes”, esperando uma “grande festa do teatro em Viana do Castelo, sempre com lotações esgotadas”, no Teatro Municipal Sá de Miranda.

Ricardo Simões destacou um espetáculo que classificou de “incontornável” porque “só vai acontecer aqui em Viana do Castelo, depois de se ter estreado em Lisboa, na Comuna, que é a ‘Casa da Bernarda Alba’, o espetáculo com que a Comuna assinala 50 anos de existência”.

“É o último espetáculo em que João Mota vai participar como ator e que tem um elenco muito distinto, com Carlos Paulo e João Grosso. É uma obra icónica da dramaturgia universal que está em cena, neste momento, e até ao final do mês, em Lisboa. Depois vai sair de Lisboa apenas para vir ao Festival de Teatro de Viana do Castelo. É uma oportunidade única para os públicos do Norte”, frisou.

Organizado pela companhia profissional residente no Teatro Municipal Sá de Miranda, em parceria com a Câmara de Viana do Castelo, o festival abre, no dia 10 de novembro, com “À Espera de Godot”, de Samuel Beckett, com encenação do húngaro Gábor Tompa, às 21:00, na sala principal do teatro, havendo uma segunda representação, no dia 11 de novembro, também às 21h00.

Já no dia 12, às 19:h00, na sala experimental, a A Companhia de Teatro do Algarve (ACTA) apresenta “Pedras com Asas”, com encenação de Luís Vicente.

No dia 13, às 16h00, na sala principal do Teatro Municipal Sá de Miranda, A Comuna - Teatro de Pesquisa apresenta “A Casa da Bernarda Alba”, de Federico García Lorca, com encenação de Hugo Franco e João Mota, João Grosso e Carlos Paulo no elenco.

No dia 15, o Tranvía Teatro de Espanha apresenta “El Jardín de Valentín”, com encenação de Crístina Yáñez, às 19:00, na sala experimental e, no dia 16, às 21h00, “A Verdade Tem Três Bocas”, um texto de Hanneke Pauwe, encenado por Graeme Pulleyn, sobe ao palco da sala principal, pelo coletivo Cem Palcos.

A programação infantojuvenil apresenta “O Cão Que Vem de Tão-Tão Longe”, de Cátia Terrinca, de UMCOLETIVO, dia 13 de novembro, às 11h00, a abrir as sessões que o festival vai ter para escolas.

Destaque ainda para a apresentação da 151.ª criação do Teatro do Noroeste, “A Maior Flor do Mundo”, no dia 16 de novembro, às 9h30 e 11h00, dia em que José Saramago, autor do conto original, faria 100 anos.

Este espetáculo, encenado por Isabel Barros, tem ainda uma apresentação para público geral, dia 17 de novembro, às 18h00, na sala experimental.

No dia 18 de novembro, às 21h00, na sala principal, o festival culmina com “Massa Mãe”, de Sara Inês Gigante, natural de Viana do Castelo, numa reflexão acerca das tradições e convenções culturais do Alto Minho.