Os antigos terrenos da Fábrica de Gás da Matinha, junto ao rio Tejo, foram transformados no recinto do festival, que inclui três palcos, peças de arte criadas propositadamente para a ocasião, zonas de restauração, lojas e um ‘skate park’.
Depois de um ano sem festival, devido às restrições impostas pela pandemia da COVID-19, o Iminente regressa com uma programação “muito intensa”.
“Para nós foi importante regressarmos com toda a força artística e de programação, mas a não querer logo crescer demasiado em termos de dimensão, para com passos bem medidos ir seguindo para a frente”, disse a diretora do festival, Carla Cardoso, em declarações à Lusa, durante uma visita ao recinto, com capacidade para 20 mil pessoas, mas que irá apenas receber cinco mil, o que permite “ter-se distanciamento social”.
Durante os quatro dias de festival, “90% da programação é ao ar livre”, embora haja alguns espaços cobertos, “não fechados, porque é um complexo abandonado de armazéns que tem imensa ventilação natural”.
“Sabíamos que apesar de a pandemia estar bastante mais controlada em Portugal, há medidas de segurança que temos todos de continuar a ter, e isso aqui é possível, não perdendo o espírito a que o festival nos habituou, de proximidade, partilha, descoberta”, disse.
De acordo com a orientação da Direção-Geral da Saúde relativa à utilização de equipamentos culturais, atualizada na terça-feira, o público do Iminente vai poder assistir aos concertos em pé, mas sempre com máscara.
As atuações musicais serão distribuídas pelos palcos Gasómetro, Choque e Cine-Estúdio, que “se complementam bastante uns aos outros”.
Pelo Gasómetro, montado perto das “estruturas de gás emblemáticas”, onde está uma peça de luz do estúdio Openfield, passarão artistas como Pongo, Plutónio, The Alchemist, Emir Kusturica & The No Smoking Orchestra, Dino D’Santiago, Nenny David Bruno, Ana Moura e Jorge Palma.
Ao pé do palco foi montado o ‘skate park’, “muito ampliado em relação a outras edições”, que inclui um ‘half-pipe’, intervencionado pela dupla Halfstudio, e uma estrutura onde haverá demonstrações de 'skate' e 'breakdance'.
É também aqui que fica situada uma das zonas de restauração, com bares, esplanada e ‘food trucks’. A outra foi colocada ao lado do palco Choque, uma pista de carrinhos de choque que já tinha estado nas edições do Iminente em Oeiras.
O palco Choque abre todos os dias com as ‘talks’, com curadoria do [investigador] António Brito Guterres, que serão sobre “Laboratórios Vivos de Descarbonização”, na quinta-feira, “Territórios como Pertença: Desigualdades e Capital Humano”, na sexta, “O Papel da Arte e da Cultura na Agenda 2030”, no sábado, e “AMOR: Cuidar de Quem Cuida”, no domingo.
Neste palco atuam, entre outros, Llama Virgem, Ricardo Toscano, Holly, G Fema e Batucadeiras Finka Pé.
Pelo palco Cine Estúdio vão passar, entre outros, Victor Torpedo and The Pop Kids, Scúru Fitchádu, Batida, PAUS, Silverio, Eu.Clides e Fogo Fogo.
É junto a este palco que fica a loja de tatuagens, cujas paredes exteriores são intervencionadas por Pedro Pedro.
Esta e outras obras ficarão no local depois de o festival terminar, como a parede que o norte-americano JonOne irá pintar durante o primeiro dia do festival ou a frase de grandes dimensões que o português Obey SKTR pintou numa das paredes – “We are the children of concrete and steel” ("Somos os filhos do cimento e do aço", em português).
Entre as peças expostas está também o "Kaboom" que o espanhol Escif pintou em letras garrafais numa parede e que por cima tem um néon onde se lê: “entretanto em Gaza”.
“É uma peça em que o artista exprime muito a sua visão política e social, há várias assim”, referiu Carla Cardoso, salientando que “o Iminente é um espaço que permite acolher essa expressão e essas visões”.
No recinto será possível ver-se também peças de Raquel Belli, Nuno Viegas, Exas, Pipoca e Mariana Miserável, em formatos que vão da fotografia ao vídeo, passando pela escultura e o 'graffiti'.
Além disso, há um espaço dedicado a apresentar os resultados do projeto Bairros, de oficinas com comunidades, que se iniciaram em junho e terminam este mês em quatro bairros de Lisboa: Quinta do Lavrado, PER11 (Alta de Lisboa), Bairro do Rego e Quinta do Loureiro.
Ali poderá ver-se, por exemplo, peças que resultaram do trabalho do atelier de arquitetura Furo e do ilustrador e designer Mantraste na Alta de Lisboa, imagens do ‘workshop’ da bailarina Piny com as mulheres do Vale de Chelas ou o filme que o realizador Pedro Pinho fez com as crianças do Rego.
Num dos armazéns foi criada uma zona de lojas, onde, além da galeria Underdogs, responsável pela curadoria das Artes Visuais, estarão “oito pequenos negócios de várias comunidades, como a Bazofo”, do bairro da Cova da Moura, na Amadora.
“Com a ampliação do espaço pudemos convidar projetos que achamos especiais para estarem aqui connosco”, disse Carla Cardoso.
A entrada no recinto é feita pela Rua da Cintura do Porto e, embora haja um parque de estacionamento com 400 lugares, disponível para quem tiver bilhete para o Iminente, a organização aconselha o uso de transportes públicos.
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