Em sexta edição, o festival - que tem como conceito a relação entre a palavra e as várias artes - vai ocupar, ao longo de quatro dias, as ruas e os espaços comerciais e culturais do Cais do Sodré, com mais de 130 atividades, envolvendo música, performance, conferências e debates, cinema e artes plásticas.

Contactado pela agência Lusa, Gonçalo Riscado, diretor do festival organizado e produzido pela Cultural Trend Lisbon (CTL), indicou que a partir desta edição serão introduzidos ciclos temáticos dedicados a uma palavra e um autor: este ano, Ana Haterly (1929-2015), e a palavra escolhida é "Fronteiras", pela atualidade.

"A forma como Ana Haterly trabalhava a palavra tem muito a ver com o nosso conceito do festival e também quisemos prestar-lhe homenagem", justificou o responsável, sobre a escolha.

Foi convidado, para curador do ciclo "Ana Haterly: Anagrama da Escrita", o poeta, tradutor e ensaísta Manuel Portela, enquanto o ciclo "Fronteiras" terá a presença do filósofo francês Étienne Balibar, que apresentará uma conferência na qual serão abordadas e discutidas questões relacionadas, como cidadania, violência e identidade.

De acordo com Gonçalo Riscado, a programação do festival - de entrada gratuita em todas as atividades - não está ainda fechada, mas avançou algumas previstas, nomeadamente na área da música, na qual o Jardim D. Luís será o palco principal.

Por ali passarão, entre outros nomes a anunciar, Samuel Úria, Aline Frazão, Sallim, Lavoisier, Old Jerusalem e Cachupa Psicadélica com o espetáculo “Moda do Poeta”, inspirado na poesia de diversos autores africanos.

Tal como no ano passado, segundo a organização, o Festival Silêncio volta a assentar no desenvolvimento de parcerias com entidades de programação, agentes culturais e habitantes do bairro, com o objetivo de "fazer com que as pessoas se relacionem através da palavra, pensamento e criação artística".

O ciclo Ana Hatherly integra duas exposições, com coordenação de Fernando Aguiar: “Pintura de Signos”, que reúne uma seleção de obras originais e de uma mostra bibliográfica, e “ReAnagramas”, exposição coletiva constituída por um conjunto de (re)criações em múltiplos meios, a partir de obras de Ana Hatherly.

Além das exposições, o ciclo inclui, entre outras atividades, uma mesa-redonda, a exibição do documentário "Ana Hatherly – A Mão Inteligente", de Luís Alves de Matos, duas performances da autoria de Susana Mendes Silva e André Gomes, e uma instalação ‘transmedial’ da autoria de Bruno Ministro e Liliana Vasques.

O ciclo Fronteiras terá uma série de três conferências, além de Étienne Balibar, a participação do jornalista José Goulão, e Chus Pato, poeta, ensaísta e ativista política galega.

O programa apresenta também um ciclo de cinema inserido na investigação do projeto “O Cinema e o Mundo – estudos sobre espaço e cinema”, do Centro de Estudos Comparatistas, da Universidade de Lisboa.

Com curadoria de Rosa Azevedo, “O Mundo não se fez para pensarmos nele” apresenta um conjunto de seis sessões de poesia ao vivo que nos remete para uma viagem por diferentes períodos e movimentos poéticos e literários.

Em estreia estará a peça performativa “Sem Título Provisório”, da autoria do Coletivo PUF, que apresentará também o trabalho “Os Poetas” e regressa a participação da comunidade na exposição “Palavras à Janela”, e decorrerá a Pangeia, uma feira do livro com a presença de várias editoras.

Sobre os apoios ao festival - por onde passaram no ano passado cerca de 14 mil pessoas - Gonçalo Riscado indicou que vêm sobretudo da Câmara Municipal de Lisboa, e de múltiplas parcerias com várias entidades, "num esforço próprio da organização para que não seja interrompido novamente".

Iniciado em 2009, o Festival Silêncio não se realizou em 2013 e 2014, por falta de apoios, e regressou com um formato de rua, mais próximo da comunidade, que pretende manter. A programação vai estar disponível em www.festivalsilencio.com .