A programação do 15.º Terras Sem Sombra, que se desenvolve a partir deste mês até julho, está a ser apresentada, hoje, na Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento, em Lisboa, e conta, no cartaz, com o coro feminino do Spelman College Glee Club, o Trio Arbós, a Orquestra Clássica do Sul, o organista Juan de la Rubia e o Kronos Quartet, entre outros.
Os Estados Unidos são o país convidado do Festival, sucedendo à Hungria, um laço que se reforça, como salienta a organização, referindo que, "praticamente desde a independência americana existiriam consulares de Washington, em Odemira e Sines, sinal da vitalidade dos intercâmbios então estabelecidos e que se mantêm até hoje"
Por outro lado, o festival lembra a figura do abade José Correia da Serra (1750-1823), natural de Serpa, um dos cenários do festival este ano.
Correia da Serra, botânico e diplomata, "foi grande amigo de Thomas Jefferson" (1743-1826), o terceiro presidente dos Estados Unidos. O abade Correia da Serra, que fez parte do núcleo fundador da Academia das Ciências de Lisboa, "exerceu importante influência política nos Estados Unidos, ao longo de vários anos, e foi aí embaixador de Portugal em 1816".
O festival, sob o lema "Sobre a Terra, sobre o Mar - Viagem e Viagens na Música (Séculos XV-XXI)", tem uma programação que se distribui em três vertentes, música, biodiversidade e património edificado.
O evento celebra os 550 anos do nascimento de Vasco da Gama, em Sines, e o quinto centenário da viagem de circum-navegação de Fernão de Magalhães.
O diretor artístico do Terras Sem Sombra, o crítico musical espanhol Juan Ángel Vela del Campo, realçou "a vocação itinerante do projeto", não só porque cada concerto tem lugar num município diferente mas, acima de tudo, pelo carácter "inovador da música como elemento de mediação".
"Viajar é viver, e no Terras [Sem Sombra] a viagem cruza geografias, mas representa também uma viagem interior, que abre as portas de experiências únicas", disse.
O Terras Sem Sombra abre no dia 26 de janeiro, em Vila de Frades, no concelho da Vidigueira, com a atuação do coro norte-americano Spelman College Glee Club, sob a direção musical de Kevin Johnson, e acompanhado ao piano por Brittney E. Boykin, na igreja de S. Cucufate.
A segunda etapa do festival é cumprida em Serpa, no dia 09 de fevereiro, sob o título "À Vol d'Oiseau: Aves e Biodiversidade no Repertório Pianístico - do Barroco ao Presente", com a pianista Ana Telles e comentário de João Eduardo Rabaça.
Segue-se Monsaraz, no dia 23 de fevereiro, com "A Ordem Natural das Coisas: Música Espanhola e Portuguesa dos Finais do Século XIX", pelo Trio Arbós, na igreja de N. S. da Lagoa.
Março é o "mês espanhol" do festival: no dia 9 a Orquestra Clássica do Sul, sob a direção de Rui Pinheiro, toca na igreja de N. S. de Rocamadour, em Valência de Alcântara, e no dia 23, na igreja de S. Maria Madalena, em Olivença, é feita a apresentação de "La Lyre d'Apollon", de Jacques Morel, por um ensemble constituído Sofia Diniz e Holger Faust-Peters (viola da gamba), Josep Maria Martí Duran (tiorba) e Fernando Miguel Jalôto (cravo).
Em abril, no dia 6, o Delphi Trio apresenta, na igreja do convento de S. Francisco, em Beja, "Percursos Vitais: Trios de Pierre Jalbert e Franz Schubert", e no dia 27, na igreja de N. S. da Assunção, Juan de la Rubia aborda a obra de Antonio de Cabezón (1510-1566) com o recital "Itinerários pela Europa ao Serviço do Rei".
Em maio realizam-se três concertos: no dia 4 em Cuba, com a soprano Manila Adap acompanhada ao piano por Alberto Urroz, no dia 11, na ‘villa’ romana do Monte da Chaminé, em Ferreira do Alentejo, os músicos Ferenc Snétberger (guitarra), László Horvath (violino), Elemér Fehér e Béla Lakatos (clarinete), Norbert Sandor (clarinete baixo e tárogató) e Benjamin Urban (piano) acompanham a soprano Orsoly Janszo, enquanto, no dia 25, em S. Martinho das Amoreiras, em Odemira, atua o Quartetazzo com Epi Pacheco, na percussão.
O Ceskoslovenské Komorní Duo toca no dia 22 de junho em Santiago do Cacém e, a encerrar o certame, o Kronos Quartet apresenta-se no dia 06 de julho no castelo de Sines.
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