O grupo artístico português O Cubo participa até domingo, 17 de janeiro, na primeira edição do Festival Lumiere em Londres com um espetáculo multimédia que estreou em Lisboa e já passou por Israel e Emirados Árabes Unidos.

"Circo da Luz" foi estreado no Terreiro do Paço, em Lisboa, em 2013, para animar a praça durante a época do Natal, e já foi apresentado em Jerusalém e Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos.

Tal como nas edições anteriores, são projetadas imagens em animação de figuras a realizar acrobacias, malabarismos, danças e outros números de circo acompanhadas por música, mas as personagens e elementos mudam em cada país.

Ao longo dos cerca de 15 minutos de espetáculo na fachada do edifício no Granary Building, um antigo celeiro do século XIX que atualmente abriga a universidade de artes Central Saint Martins, em King's Cross, são feitas referências à cultura britânica, como o chá das cinco, os Beatles ou os esquilos, e são usadas imagens de londrinos que foram filmados para o efeito.

"Cada filme é adaptado exatamente à arquitetura onde vamos projetar. Aqui a dificuldade são os tijolos, que são muito escuros. Tivemos de trabalhar com as cores e com contrastes muito mais puxados para contrariar o castanho dos tijolos. Em Portugal é mais fácil porque a arquitetura é mais branca", disse Carole Purnelle, co-fundadora do grupo, à agência Lusa.

O Festival, de acesso livre, promovido por várias entidades públicas e privadas e apoiado pela Câmara Municipal de Londres, pretende "reimaginar a paisagem urbana e arquitetura" da capital britânica e funcionar como uma atração para londrinos e turistas numa altura do ano de menor movimento nas ruas.

Os transeuntes são encorajados a explorar a "exposição ao ar livre" e a descobrir partes da cidade desconhecidas ou lugares conhecidos mas transformados pelas instalações e espectáculos de luz de artistas e grupos do Reino Unido, França, Suécia, Bélgica e Irlanda.

"É tradicionalmente uma época mais calma em janeiro, temos menos turistas, e a ideia é tentar trazer pessoas a ver o centro de Londres, mostrar a nossa cidade e criar um impulso económico, mas também algo agradável para os habitantes de Londres", justificou Munira Mirza, vereadora para a Educação e Cultura.

O outro co-fundador de O Cubo, Nuno Maya, salientou a importância da participação neste evento pois esperam-se que entre 400 mil a meio milhão de pessoas visitem por dia as obras, elevando a potencial audiência para dois milhões de pessoas ao longo da duração do Festival.

O conceito do festival Lumiere foi criado grupo britânico Artichoke em 2009 para a cidade de Durham, no norte de Inglaterra, e é agora realizado bienalmente, tendo no ano passado atraído para a cidade, estima-se, 200 mil visitantes.

O Cubo, formado por Nuno Maya e Carole Purnelle, realiza espetáculos de animação em três dimensões, "video mapping" e os seus espectáculos que têm percorrido vários países, nomeadamente Austrália, Holanda, Japão ou Singapura.