O aclamado maestro, de 40 anos, ocupará o cargo a partir de agosto e por um mandato de seis anos, ao mesmo tempo que permanecerá à frente da Orquestra Filarmónica de Los Angeles.
O músico será o primeiro latino-americano a assumir o comando de uma grande ópera europeia desde que o argentino-israelita Daniel Barenboim foi nomeado diretor musical do La Scala de Milão em 2011, cargo que deixou em 2014.
"Estou muito emocionado e agradecido por estar aqui hoje, nesta casa magnífica", disse Dudamel no Palácio Garnier, templo histórico da ópera parisiense, durante uma conferência via Zoom. "Após um ano muito difícil devido à pandemia, sinto uma profunda responsabilidade", completou.
Dudamel, que dirigiu pela primeira vez a orquestra da Ópera de Paris para "La Bohème" de Puccini em 2017, vai substituir o suíço Philippe Jordan.
"Lar espiritual"
"Apenas quando me vi diante desta ópera é que encontrei o meu lar espiritual", disse o venezuelano.
Considerado desde muito jovem um prodígio da batuta, Dudamel tem um estilo singular: o maestro comanda a orquestra com gestos enérgicos, movido por uma emoção que deixou o público de pé nos maiores palcos do mundo.
O diretor-geral da Ópera de Paris, Alexander Neef, chamou Dudamel de maestro "emblemático" e um dos "mais talentosos e prestigiados do mundo".
Durante o seu primeiro ano, Dudamel será responsável por três produções líricas e coreográficas, um trabalho que deverá aumentar durante a segunda temporada, segundo Neef.
Simón Bolívar, a sua "família"
Além da função dupla como diretor musical em Paris e Los Angeles, Dudamel garantiu que vai continuar a colaborar com a orquestra Simón Bolívar da Venezuela.
"É a minha família, o grupo com o qual me desenvolvi desde criança", disse, antes de recordar o seu mestre, José Antonio Abreu.
Dudamel é um dos maestros mais bem pagos do mundo, segundo a imprensa norte-americana, que calcula seu salário anual em três milhões de dólares.
Ao ser questionado sobre a remuneração na Ópera de Paris, Neef respondeu que "não tem a menor intenção" de divulgar o valor, porque isto seria "muito incomum".
Desde adolescente, Dudamel destacou-se graças ao Sistema de Orquestras Infantis e Juvenis da Venezuela, um programa fundado por Abreu que deu acesso à educação musical a milhares de crianças de classes populares e que foi replicado em mais de 40 países.
Grandes maestros como o britânico Simon Rattle perceberam o talento do jovem prodígio, que aos 17 anos passou a comandar a orquestra juvenil Simón Bolívar.
Em 2004, o músico venceu o primeiro concurso de regência Gustav Mahler na Alemanha, o que abriu as portas para a Orquestra Sinfónica de Gotemburgo, na Suécia.
Posteriormente, com apenas 28 anos, foi contratado como diretor musical em Los Angeles.
Em 2012, Dudamel venceu o seu primeiro Grammy com a direção de "Brahms: Sinfonia No. 4".
O músico também se tornou o primeiro maestro a tocar durante o Superbowl, assim como o primeiro venezuelano a ter uma estrela no Passeio da Fama de Hollywood.
Dudamel, casado com a atriz espanhola María Valverde, também é alvo de críticas por parte daqueles que consideram que durante muito tempo evitou denunciar os abusos na Venezuela, ao se apresentar em atos oficiais, como no funeral de Hugo Chávez.
Um silêncio que rompeu em 2017, ao criticar a brutal repressão que vitimou cerca de 200 pessoas durante protestos no seu país.
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