O júri do julgamento contra Harvey Weinstein informou esta sexta-feira (21) que chegou a um acordo sobre três das cinco acusações que pesam contra o antigo produtor de cinema, mas está dividido sobre as mais graves.

Os sete homens e cinco mulheres questionaram durante a tarde por escrito o juiz James Burke para saber se poderiam chegar a um acordo apenas sobre parte das acusações contra Weinstein.

As acusações em que há consenso são sobre a agressão sexual denunciada pela ex-assistente de produção Mimi Haleyi e a violação denunciada pela aspirante a atriz Jessica Mann.

As duas acusações restantes são as mais graves, configurando um agravamento do comportamento de "predador" sexual do ex-produtor, e poderiam determinar uma condenação à prisão perpétua.

Após consultas do juiz, a defesa do acusado declarou-se favorável a uma decisão parcial, enquanto a procuradora Joan Illuzzi-Orbon, que representa a acusação, disse "não estar disposta a aceitar" uma decisão desse tipo "nessa etapa" do processo.

Perante esta divisão, James Burke disse aos jurados para continuarem as discussões, após ler um texto oficial que explica que é normal que os membros de um júri tenham a impressão de estarem em ponto morto em certas fases de um processo. Não respondeu diretamente à dúvida dos jurados e não disse se era possível uma decisão parcial.

Os jurados acabaram por deliberar durante mais alguns minutos antes do juiz interromper e deixá-los para casa para o fim de semana, retomando na segunda-feira.

Antes, recordou-lhes que esta é uma fase crítica do processo e não estavam sequestrados durante a fase das deliberações, implicitamente recordando a sua obrigação de que não discutir os pormenores com ninguém ou aceder a outras fontes de informação.

A pergunta do júri foi formulada durante o quarto dia de deliberações, minutos antes da hora prevista para a suspensão dos debates até segunda-feira.

Ao longo da semana, os jurados pediram a releitura de vários testemunhos, principalmente os de Mimi Haleyi e da atriz Annabella Sciorra, que diz ter sido violada por Harvey Weinstein no inverno de 1993.

As declarações de Annabella Sciorra são cruciais para mostrar que o antigo produtor teria um comportamento recorrente e seria um predador.

Os jurados recusaram, em troca, suscitar qualquer questão sobre o caso Jessica Mann, que está na origem de três acusações contra Weinstein, mas cujo testemunho foi consideravelmente enfraquecido pela defesa.

Com 67 anos, Harvey Weinstein nega ter cometido agressões sexuais e diz que sempre manteve relações consensuais com quem o acusou.