Há precisamente 395 dias, se está a ler isto e o calendário já marca dia 11, os norte americanos de Las Vegas, Imagine Dragons, atuaram pela primeira vez em solo português. Se se lembra, na altura, o antigo TMN ao vivo foi pequeno demais para eles. O concerto foi então mudado para o Coliseu dos Recreios. Esgotou.
Originalmente cabeças de cartaz no palco Heineken, no primeiro dia do agora NOS Alive, a banda do estado de Nevada acabou no palco principal do evento num dia, também ele, esgotado.

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Se ia com a lição estudada, sabia o que esperar. Um concerto enérgico, absolutamente tresloucado, com a dose certa de interlúdios para que o público pudesse guardar o momento e a banda admirar a espetacular moldura humana e afinar instrumentos. O alinhamento, esse, contou com singles mais recentes como Fallen ou Who We Are e deixou para trás uma mão cheia de outros como Amsterdam, Round and Round e Bleeding Out, com o público expectante a comentar a ausência de Monster ou Ready, Aim, Fire.

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Foi já ao som de Fallen, que Dan Reynolds subiu ao palco, gerando uma onda de gritos. «Portugal, sentimos a vossa falta». A Fallen seguiu-se Tip Toe, uma das músicas mais possantes do álbum, e Dan correu o palco de um lado ao outro, interagiu com o público e desceu até junto dos fotógrafos. «Portugal, vocês são fantásticos e nós adoramos-vos». Gritava-se pelo país. O calor da audiência portuguesa comoveu a banda que perdia os olhos pela concentração de gente que não queria perder um vislumbre do quarteto norte americano - em palco, quinteto. Dan debruçou-se, inspirou profundamente, e lágrimas formaram um pequeno véu sobre os seus olhos. Depois de Hear Me, novo interlúdio.

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Dan Reynolds é um vocalista carismático: conversador, simpático, mobilizador... Não há como negá-lo. Mas, na verdade, sabemos que tenta, esforçadamente, ter uma presença séria em palco: rígida, como a realidade que as letras das suas canções nos trazem, misteriosa e, verdadeiramente, rock 'n' roll. Porém, é-lhe impossível não sorrir: não partilhar a alegria de pisar o palco com o público que o "emprega". «Portugal, vocês são fantásticos. Proponho um brinde: um brinde a vocês. Por terem sido um público espetacular, por terem sido o primeiro país a ter On Top Of The World como single - e o terem levado até número um -, por nos terem recebido tão bem... Com vocês, sentimo-nos em casa. Aqui, sentimo-nos em casa. É bom, depois de tanto tempo na estrada, quando as saudades apertam, virmos dar a um lugar assim: onde estamos tão à vontade. Um brinde a vocês. Foi um ano alucinante. A mais dez». E foi com esta sentida homenagem que se deu início a It's Time ("I never want to leave this town" soava, agora, ainda melhor).

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«Agora temos algo especial para vocês. Estão preparados para enlouquecer? Vamos fazer um cover de uma das nossas bandas favoritas», e Song 2, dos britânicos Blur, foi aposta ganha. Com uma letra fácil e uma musicalidade fantástica com um refrão já imortalizado, o recinto gritava em uníssono com a banda "Woohoo". Com tambores rufando incessavelmente, e alguns ajustes e mais elogios ao público, chegaram-nos Cha Ching e Rocks. «Ainda aí estão? Estão connosco?» Uma Who We Are, bastante sedutora com Dan a ser seguido por um holofote já depois de o dia se fundir com a noite dizia-nos que já não sobrava tanto tempo assim. Um vento fresco começava a soprar e acalmava o calor que se fizera sentir ao longo da tarde.

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Tal como acontecera no Coliseu, On Top Of The World foi responsável pela explosão de alegria. Aos primeiros acordes da música, mesmo quem não vinha para ouvi-los, acorreu ao palco principal saltando, saltitando e dançando. A música que os próprios dedicaram aos fãs portugueses, teve o mesmo efeito no vocalista que desceu do palco para mergulhar no meio do público e partilhar o momento com toda a loucura que se fazia sentir no recinto. Amigos gritavam a canção para amigos, dançava-se o vira, até rodas se faziam - onde havia espaço, claro. Reynolds distribuía beijos e voltou ao palco com uma enorme bandeira portuguesa que ergueu, desajeitadamente, e de pernas para o ar. Pousou-a sobre o odaiko. «Nós amamos-vos. Já só temos mais duas músicas para vocês». Os primeiros acordes de Demons fizeram correr algumas lágrimas e o público entregou-se de corpo e alma erguendo braços e cantando a plenos pulmões.

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«Eu prometo-vos que vamos para estúdio, vamos acabar o segundo álbum. Depois, voltaremos a Portugal. Iremos sempre passar por aqui. Todas as vezes», disse, reforçando a promessa que fizera em palco, em junho do ano passado. O pano caiu com Radioactive, a música que fez história sendo, atualmente, o single que mais tempo permaneceu no top Hot 100 da Billboard (destronando I'm Yours de Jason Mraz). O terceiro single dos "dragões" foi a melhor maneira de acabar o concerto resumindo-o na perfeição: entrega, ritmo e loucura. Com um concerto onde estiveram visivelmente mais à vontade, conseguimos perceber que a banda cresceu bastante desde a última visita: notava-se nas primeiras aventuras, na presença em palco, nas intros e adaptações do quarteto. Juntaram-se, fizeram uma vénia, soltaram um obrigado em português e deixaram o público a contar os dias até à próxima vez.

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