Não era preciso tirar bilhete, muito menos validar entrada para ver os James. Um concerto de agradecimento aos fãs no átrio lotado da estação de S. Bento, no Porto.

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A Estação de São Bento é por norma bastante movimentada, mas nunca tanto como nesta tarde de quinta-feira. "-Tanta gente ali, quase não se passa! - Porquê? - Vai haver música, são uns estrangeiros", comentavam duas senhoras na entrada da estação. E tinham razão. Milhares de pessoas aguardavam o concerto-mais-ou-menos-surpresa dos James.

As informações que circularam apontavam para um concerto acústico, rápido e bastante simples. Até a setlist colada no chão do palco apontava para isso. Mas Tim Booth e a sua banda ofereceram muito mais do que isso - até a senhora das castanhas, que está sempre na entrada de S.Bento, parou de gritar "quentes e boas" para ouvir.

Ao mesmo tempo que pelas colunas da estação se ouvia "o comboio suburbano procedente de Aveiro vai dar entrada na linha 2", os James subiam ao palco e com eles os primeiros acordes de "Out to Get".

Seguiu-se "Frozen", cumprindo o alinhamento colado juntos aos pés de Saul Davies. E, entre os vinte mil azulejos que decoram a entrada de S.Bento, levantaram-se umas centenas de telemóveis para captar todos os momentos.

Depois de duas músicas, hora de conversar. Um microfone saltou para as mãos do público que teve 'passe' para fazer perguntas. "Porquê São Bento?", foi uma das perguntas. "Porque é tão bonito", respondeu o vocalista olhando para as paredes e para o tecto da estação.

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Entre conversa, começaram a soar os acordes de "Laid", um dos maiores sucessos da banda britânica. Depois a viagem seguiu para "Movin On", que seria a última paragem deste mini-concerto... mas não foi, ainda faltavam duas estações (que é como quem diz, canções).

Se os comboio chegavam e partiam, os fãs não arredavam pé. E os James também não queriam sair dali ao fim de quatro músicas.

Com o átrio completamente lotado e com centenas de pessoas à porta, os James seguiram viagem até "Interrogation", música do último álbum, "Le petite Mort". E a loucura habitual começou: Tim Booth saiu do palco e subiu para as colunas, ficando entre Douro e Minho (como se pode ler no tecto da estação).

Para terminar, Getting Away With It. As mais de 3500 pessoas cantaram a uma só voz- impensável ouvir a senhora da CP a dizer qual o comboio que ia partir. Tim Booth, sem medo decidiu entrar numa viagem em braços pela estação de São Bento.

No palco, Saul Davies dizia em português, língua que aprendeu com a mulher,  a Tim para voltar e com as calças. E lá voltou o vocalista, aproveitando para agradecer ao público que o ajudou no mergulho e que não cobrou bilhete “Obrigado por serem tão simpáticos comigo, quando fiz isto em Glasgow fizeram-me uma espécie de colonoscopia”.

"Já está! Vão para casa! Ah, e boa sorte para o Sócrates", foi assim que o violinista-percussionista Saul Davies se despediu das milhares de pessoas que, extraordinariamente, foram até S. Bento viajar pelo universo dos James sem sair da estação.

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