“Expor no Guggenheim é um momento muito importante para a minha carreira, porque é um momento de charneira”, disse a artista à agência Lusa, sublinhando o facto de ser a primeira portuguesa a apresentar as suas obras “no maior museu da Península Ibérica e um dos maiores da Europa".
Para Joana Vasconcelos, tudo isso permite-lhe ter “uma visibilidade e uma interação com os públicos” nacionais e internacionais, e também uma “maior expansão” da sua obra, no futuro.
A exposição, que pode ser visitada até 11 de novembro, tem uma seleção de trinta obras realizadas entre 1997 e a atualidade, da mais internacional dos artistas portugueses da sua geração.
“Eu espero que as pessoas saiam desta exposição a sentir e a pensar coisas diferentes daquelas que tinham, ao iniciar este percurso, através desta obra”, disse Joana Vasconcelos.
A mostra inclui 14 obras inéditas, entre elas a instalação de grande dimensão “Egeria”, concebida especificamente para ficar suspensa no pátio central (átrio) do museu, onde a artista sustenta que irá “interagir” com os complexos espaços desenhados pelo arquiteto do edifício, o norte-americano, nascido no Canadá, Frank Gehry.
Esta obra monumental, caracterizada pelas “suas inusuais formas orgânicas”, é considerada pelo museu como “uma das mais ambiciosas” da “importante” série Valquírias, que Vasconcelos criou, inspirando-se em imagens femininas da mitologia escandinava, e será, “sem dúvida, um dos maiores atrativos da mostra”.
O nome da exposição, “I’m Your Mirror”, é uma homenagem à célebre cantora alemã “Nico” (Christa Päffgen), que interpretou a canção “I’ll be you Mirror” (1967), escrita por Lou Reed e interpretada com o mítico grupo musical de Nova York The Velvet Underground.
Para a artista que nasceu em Paris, em 1971, essa música “é muito inspiradora”, porque fala dessa ideia de como é que as pessoas “se espelham uns aos outros” ou “como é que somos os espelhos uns dos outros”.
"Neste caso, eu sou o espelho do meu país e um espelho de mim própria”, conclui.
No exterior do museu vão estar instaladas duas obras: o já conhecido "Pop Galo" (2016) e o inédito “Solitário”, um anel de noivado gigante, feito com jantes de automóveis de luxo e copos de uísque, num trabalho que conjuga dois dos símbolos mais estereotipados do desejo feminino e masculino.
A exibição começa com algumas obras emblemáticas dos primeiros anos da carreira de Joana Vasconcelos, como "Cama Valium" (1998), "Burka" (2002) e "A Noiva" (2001-2005), em que a artista aborda questões relacionadas à identidade feminina, tanto na esfera privada como na esfera política e social.
A mostra inclui alguns de trabalhos mais recentes de Joana Vasconcelos, como "Marilyn" (2009-2011), "Lilicoptère" (2012), "A Todo o Vapor" (2012) e "Call Center" (2014-2016).
Esta peça conta também com a 'banda sonora' de Jonas Runa - "Sinfonia Electroacústica para 168 Telefones" -, à semelhança de "Pop Galo" (com "Cinco Composições de Som e Luz") e "Egéria" ("Codex Lux"), três obras desenvolvidas especificamente pelo compositor português, para estas esculturas.
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