As equipas de advogados de Johnny Depp e da ex-esposa Amber Heard chegaram a acordo para colocar fim aos processos por difamação em que se enfrentavam.
Na conclusão de um dos mais amargos e mediáticos divórcios de Hollywood nos últimos anos, a seguradora de Heard pagará um milhão de dólares a Depp (940 mil euros, à cotação do dia).
Em junho, um júri da Virgínia decidiu que Depp deveria ser indemnizado em mais de 10 milhões de dólares em perdas e danos, após determinar que uma coluna escrita em 2018 por Heard para o jornal The Washington Post era difamatória contra o ator, ao mesmo tempo que esta também conseguia que o ex-marido fosse condenado a pagar dois milhões por declarações feitas pelo seu advogado.
O julgamento, baseado em acusações amargamente contestadas de abuso doméstico, revelou detalhes íntimos das estrelas de Hollywood.
Transmitido ao vivo pela televisão e redes sociais, foi acompanhado durante seis semanas por milhões de espectadores à volta do mundo, e provocou uma explosão de mensagens hostis à atriz. Após a sentença, os advogados de Heard afirmaram que a atriz não tinha recursos para pagar a indemnização.
Nas disposições do novo acordo, a atriz não fica com restrições para falar sobre o caso nem assume qualquer culpa.
Nas redes sociais, explicou as razões para colocar fim à batalha jurídica num longo comunicado em que repete várias alegações da sua defesa no caso da Virgínia.
"Após muita ponderação, tomei uma decisão muito difícil de resolver o caso de difamação movido contra mim pelo meu ex-marido na Virgínia. É importante para mim dizer que nunca escolhi isto. Defendi a minha verdade e, ao fazer isso, a minha vida como eu a conhecia foi destruída. A difamação que enfrentei nas redes sociais é uma versão ampliada das formas pelas quais as mulheres são revitimizadas quando se assumem. Finalmente, agora tenho a oportunidade de me emancipar de algo que tentei deixar há mais de seis anos e em termos com os quais posso concordar", escreve.
"Não fiz nenhuma admissão. Este não é um ato de concessão. Não há restrições ou mordaças em relação à minha voz no futuro", acrescenta.
A atriz acrescenta que perdeu a fé no sistema jurídico dos EUA, comparando-o desfavoravelmente com um primeiro processo por difamação num tribunal britânico entre Depp e o tabloide The Sun onde testemunhou, repetindo que Depp ganhou o segundo por uma questão de popularidade e poder, e pela exclusão de indícios pelo tribunal.
"Fui exposta a um tipo de humilhação que simplesmente não posso reviver. Mesmo que o meu recurso nos EUA seja bem-sucedido, o melhor resultado seria um novo julgamento, no qual um novo júri teria que ponderar novamente as provas. Simplesmente não posso passar por isto pela terceira vez", destaca.
"O tempo é precioso e quero gastá-lo de forma produtiva e com propósito. Durante muitos anos, estive enjaulada num processo legal árduo e caro, que se mostrou incapaz de me proteger e ao meu direito à liberdade de expressão. Não posso arriscar uma conta impossível – uma que não é apenas financeira, mas também psicológica, física e emocional. As mulheres não deveriam enfrentar abuso ou falência por falar a verdade, mas infelizmente isso não é invulgar", continua.
"Ao resolver este caso, também estou a escolher a liberdade de dedicar o meu tempo ao trabalho que me ajudou a recuperar após o divórcio; trabalho que existe em domínios nos quais me sinto vista, ouvida e acreditada, e nos quais sei que posso efetuar mudanças. Não serei ameaçada, desanimada ou dissuadida pelo que aconteceu ao falar a verdade. Ninguém pode e ninguém vai tirar-me isso. A minha voz continua a ser para sempre o bem mais valioso que tenho", nota.
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