O anúncio foi feito pela Livraria Fonte de Letras, em Évora, onde hoje começa esta iniciativa, que conta com a participação de algumas das livrarias que compõem a RELI.

Denominado “UMA (so)CI(e)DADE SEM LIVRARIAS”, o manifesto quer alertar para a insuficiência de apoios do Estado para ajudar as livrarias independentes, em dificuldades face aos constrangimentos causados pela pandemia de COVID-19, que obrigou ao encerramento das lojas durante mais de dois meses.

Assim, durante um dia, uma ou mais livrarias de uma determinada cidade vão estar abertas, mas não vão vender livros, informando os seus clientes sobre este manifesto, que diz: “Hoje a livraria não vende livros para que as cidades continuem a ter livrarias no futuro”.

“A ação vai percorrer várias livrarias do país, sem aviso da data agendada. Será assim que acontecerá numa cidade sem livrarias: uma pessoa entra numa livraria para comprar aquele livro que queria muito ler, mas não o pode fazer”, explica a Fonte de Letras em comunicado.

Pretende-se com esta ação que “os órgãos do Estado, leitores, autores, editoras e a sociedade em geral percebam e sintam o importante papel das livrarias independentes na preservação da diversidade editorial e da vida cultural de uma civilização e, portanto, de uma cidade”, acrescenta.

O manifesto tem início hoje, na livraria Fonte de Letras, no dia em que a ministra da Cultura faz uma visita oficial à cidade de Évora.

No início deste mês, mais de meia centena de livrarias independentes de todo o país uniram-se para criar uma rede de cooperação com o objetivo de conjugar esforços para enfrentar a crise no setor, agravada pelas condições criadas pela COVID-19.

Denominada RELI - Rede de Livrarias Independentes, esta associação livre de apoio mútuo foi lançada, juntamente com o respetivo site, com o objetivo de "coordenar esforços para enfrentar a crise no mercado livreiro, que vem comprometendo, já há vários anos, a existência de pequenas livrarias em todo o país", segundo os livreiros.

Além disso, também enviaram uma carta aberta aos órgãos de soberania, com um conjunto de propostas para os ajudar a sobreviver à crise, que passam por medidas de apoio à tesouraria e rendas.

Entretanto, no dia 22 de abril, o Ministério da Cultura anunciou a criação de medidas de apoio destinadas ao setor do livro, em complemento com o pacote de medidas transversais que o Governo tem vindo a aprovar no contexto de pandemia.

Nesse âmbito, a tutela lançou um programa, no valor global de 400 mil euros, para aquisição de livros, a preço de venda ao público, dos catálogos das editoras e livrarias, até um máximo de cinco mil euros por editora e livraria, com o “objetivo fundamental de apoiar as editoras e livrarias portuguesas no sentido de atenuar os efeitos provocados pela pandemia”.

Outra medida prevista e já inscrita no Orçamento é a adjudicação de 200 mil euros à compra de livros para bibliotecas da Rede Nacional de Bibliotecas Públicas, privilegiando as livrarias de proximidade, no quadro do Programa de Apoio ao Desenvolvimento de Serviços das Bibliotecas Públicas, para 2020.

Estes apoios financeiros não foram bem recebidos pelo setor, com a Associação Portuguesa de Editores e Livreiros (APEL) a afirmar que “não se aproximam de nada do que foi proposto”, não resolvem os problemas dos editores e livreiros e só se justificam por “um grande desconhecimento do que é a realidade”.

Algumas livrarias e alfarrabistas da RELI que aderiram ao manifesto foram A Internacional, A das Artes, Cólofon, Distopia, D'outro Tempo, GATAfunho, Ferin, Fonte de Letras, Ler devagar LX Factory, Ler Devagar Óbidos, Livraria Manuel Ferreira, Poesia Incompleta, Rimas e Tabuadas, Tinta nos Nervos e Snob.

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